segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

CRÍTICA: A Teoria de Tudo


The Theory of Everything
123 minutos - Drama - Reino Unido - 2015
Direção: James Marsh
Roteiro: Anthony McCarten, baseado no livro escrito por Jane Hawking
Elenco: Eddie Redmayne, Felicity Jones, Tom Prior

Quem é Stephen Hawking e o que ele fez de importante para a humanidade? Estas são as perguntas que nos fazemos após assistir a este A Teoria de Tudo. O filme começa com Hawking (Eddie Redmayne) correndo de bicicleta com um amigo em Cambridge, então o vemos numa festa no campus onde de forma não muito orgânica ele conhece Jane (Felicity Jones) e acompanhamos então a progressão de sua vida, passando pelo diagnóstico de sua doença, seu casamento e suas publicações. 

Há cenas inspiradas como aquela na qual começamos a ver o close do olho de uma personagem sendo iluminado por uma lareira e através de um raccord  a formação do sol, ou então a cena na qual Hawking recebe o diagnóstico sobre sua doença: médico e paciente sentados lado a lado, o diretor utiliza lentes angulares e close no rosto do médico, dando a impressão  de aprisionamento, sufocamento,  e ao mesmo tempo podemos notar uma certa distorção de tudo ao redor, como se o mundo do protagonista ficasse deformado. Mas outras cenas nem tanto, como aquela patética na qual Hawking durante uma palestra vê a caneta de uma jovem cair e deseja ajudá-la.

A dupla de atores principais tem boas atuações. Jones mostra uma garota apaixonada e leal, querendo superar a expectativa de todas as pessoas próximas que não acreditam que ela teria forças pra isso, disposta a tudo para ficar ao lado de Hawking. Notas suas dificuldades e seu sofrimento, especialmente conforme a doença do marido progride. Enquanto isso Redmayne, embora sabotado pelo roteiro, compõe um Hawking nada tímido e bem humorado, com uma semelhança física incrível a da persona original. Reparem nas pequenas mudanças e sutilezas, como por exemplo a caligrafia na lousa pouco antes de sua doença ser diagnosticada, ou então no rosto pendendo mais para o lado direito, algo que vai se acentuando conforme o filme e sua condição avançam.

Uma pena que o roteiro não contribua. Centrado na condição física de Hawking e no relacionamento do mesmo com Jane, nos obriga aceitar que Hawking é um gênio, que aquele aluno prodígio respondeu 9 de 10 questões impossíveis passadas por um professor horas antes da aula sem ver como ou o que ele pensou. Nunca vemos como é a maneira do sujeito de pensar, ou como elabora tais teorias que viraram livros importantíssimos e o fizeram ser reconhecido mundialmente como uma das mentes mais brilhantes. Outro grande problema diz respeito às adversidades: ninguém implica com ele ou com sua condição física, por onde passa é bem aceito e bem tratado. 

O Hawking que nos é apresentado tem ótimo senso de humor, mesmo levando em conta sua condição física, ficou famoso publicando livros importantes, mas após assistirmos a este A Teoria de Tudo, a razão de sua importância continua sendo tão indecifrável quanto a matemática empregada nas teorias que ele criou na realidade.


Adriano Cardoso

Nenhum comentário:

Postar um comentário