segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

O Abutre



O Abutre (Nightcrawler)
117minutos – Drama/Suspense - Estados Unidos - 2014 
Direção: Dan Gilroy
Roteiro: Dan Gilroy
Elenco: Jake Gyllenhall, Rene Russo, Bill Paxton.


O filme é centrado em Louis Bloom (Jake Gyllenhall) um solitário autodidata que utiliza relações sociais apenas para obter vantagens, odiando contato com pessoas como ele mesmo diz num trecho. A procura de um emprego o protagonista decide ser um "abutre" (ou Nightcrawler, título original em inglês), cinegrafista que persegue acidentes e situações chocantes para vender as imagens a programas sensacionalistas. Gyllenhall cria um personagem complexo, que utiliza relações sociais apenas como necessidades para o crescimento do "seu negócio" o ator executa o melhor papel de sua carreira, magro com trejeitos que remetem à ansiedade e uma expressão de quem está sempre negociando com as pessoas, seja com seu "estagiário" ou com a editora de um telejornal.  A direção do filme é segura e responsável por levar todo o elenco a ótimas performances ( incluindo também Rene Russo, profissional decadente editora do noticiário regional com menor audiência, e Bill Paxton, um abutre experiente que está expandindo os negócios. O filme nos prende do começo ao fim, culminando com um clímax assustador, não tanto devido aos acontecimentos, mas sim à natureza humana.

Ida




Ida
80 minutos – Drama - Polônia - 2014 
Direção: Pawel Pawlikowski
Roteiro: Pawel Pawlikowski e Rebecca Lenkiewicz
Elenco: Agata Kulesza, Agata Trzebuchowska, Dawid Ogrodnik

Este filme polonês nos faz acompanhar uma garota órfã que prestes a jurar seus votos para se tornar uma freira, descobre que seus pais eram judeus e tenta descobrir como morreram e onde foram enterrados. O diretor faz um belo trabalho nos mostrando a Polônia soviética, com uma ótima recriação da epica, reforçada pelo formato do filme (4:3) e o choque entre a protagonista e sua tia, que acabam de se conhecer. Nos brindando com uma bela fotografia em preto e branco, Ida é uma experiência gratificante de um filme justo e humano.






terça-feira, 11 de novembro de 2014

CRÍTICA: INTERESTELAR





Interestelar (Interstellar) 
169 minutos – Drama - Estados Unidos - 2014 
Direção: Christopher Nolan 
Roteiro: Jonathan Nolan e Christopher Nolan 
Elenco: Anne Hathaway, Matthew McConaughey, Michael Caine, Jessica Chastain, Casey Affleck, Bill Irwin e John Lithgow.

Christopher Nolan trouxe inovações ao cinema com seu Amnésia, criou uma trilogia de sucesso com Batman e nos levou a uma ficção científica sobre o domínio do mundo dos sonhos em a Origem. Agora nos trás uma aventura espacial tendo como pano de fundo a destruição eminente da Terra, mas será que consegue alcançar um resultado tão bom quanto os anteriores?

A trama se passa num futuro não muito distante onde a Terra parece destinada a destruição à medida que progressivamente espécies vegetais desaparecem, não ocorrem chuvas e tempestades de poeira derivadas de uma praga são cada vez mais comuns, o que obrigou a maioria dos homens a abandonarem suas profissões e tornarem-se fazendeiros na desesperada tentativa de tentar brecar a escassez de alimentos. É nesse cenário que somos apresentados a Cooper (McConaughey), um ex-piloto que abandona sua profissão para cuidar dos filhos e cultivar milho em sua fazenda, até que um fenômeno estranho presenciado em sua casa o leva a uma base secreta da NASA, onde ele é recrutado para pilotar uma nave com o objetivo de descobrir um planeta para ser o novo habitat dos humanos.
 

A apresentação do mundo é feita de maneira exemplar por Nolan: enquanto muitos diretores gastariam tempo explicando o que ocorreu com a Terra, ou como funciona esse novo mundo, o diretor nos joga na história, e de início acreditamos estar presenciando acontecimentos numa cidadezinha do interior estado-unidense, mas algumas pistas dos diálogos vão nos posicionando sobre os problemas enfrentados pelos protagonistas, e de como o mundo chegou àquela situação caótica.

Os aspectos visuais do longa também merecem elogios: a fotografia do filme é belíssima, com muitos planos abertos, exibindo por vezes a insignificância de uma nave em relação a um planeta ou a imensidão do universo. Mostra de forma eficiente um mundo desolado e mergulhado em tons amarelos, sendo retratado de forma muito eficaz pela direção de arte (como ao ilustrar a fazenda da família, com utensílios sempre cobertos de pó e automóveis do nosso século um pouco envelhecidos, ao retratar o apertado interior das naves, ou nos fazer sentir como alguns ambientes são sépticos e sem vida), pecando apenas no design do robô CASE, cujo visual não parece se enquadrar naquele universo, e sua estrutura física não parece ter qualquer função útil em sua funcionalidade (embora o personagem tenha sua importância na trama).


A direção do filme é precisa, criando bons momentos de suspense e até mesmo surpresa, há uma determinada cena que choca o espectador por ser algo repentino e assustador (não citarei aqui pra não comprometer a experiência de quem ainda não assistiu ao longa), falhando apenas num determinado momento: a morte de determinado personagem que pode ser antecipada por nós em todas as seqüências que a precedem , e por isso mesmo acaba soando implausível. Os atores também executam bem suas funções, o que contribui para o trabalho do diretor, com maior destaque para Matthew McConaughey que sempre se coloca como um explorador inconformado com a situação de ser um fazendeiro, e cujo amor pelos filhos funciona como motivação para qualquer desafio que precise enfrentar, e um outro ator importante que faz uma ponta surpresa, num papel bem diferente dos que está acostumado a desempenhar (saberão facilmente quem é).

Eis que chegamos ao roteiro... A forma como Cooper encontra a base da NASA e num momento seguinte surge como única opção para pilotar a nave da missão parece algo "jogado", sem muito desenvolvimento, utilizando apenas como artifício de que ele é um ótimo piloto e já trabalhou com o professor Brand (Caine). Algumas escolhas dos personagens com relação à missão também não fazem sentido, parecem apenas querer jogar o filme em determinada direção, por exemplo ao descartar determinado planeta em detrimento a outro destino que possui um problema relativamente sem solução. Mesmo com estes problemas, os dois primeiros atos do filme são extremamente promissores, principalmente devido à apresentação de elaboradas teorias físicas e quânticas (Nolan teve a consultoria de um cientista, Kip Thorne, no desenvolvimento do projeto), que são exploradas cuidadosamente, incluindo aí conceitos relativos a gravidade, espaço quântico, buraco negro rotativo e "buraco de minhoca". Essa base científica junto com outros pequenos detalhes vão delicadamente construindo o futuro dos personagens e criando grande expectativa para o desfecho da trama.

Uma pena que ele não ocorra como deveria, e no terceiro ato o filme imploda. Inseguro sobre a narrativa, Nolan perde muito tempo explicando coisas que ficaram óbvias (na maioria das vezes repetindo algumas cenas), sem se preocupar em fechar outros aspectos do roteiro, da forma que ficou perde o sentido. Isso demonstra que o idealizador soube criar grandes expectativas e fazer uma bela preparação nos primeiros atos, mas foi incapaz de encontrar uma grande solução para tudo aquilo que cuidadosamente trabalhou.

Culminando de forma um tanto otimista, Interestelar não é nem sombra do que vimos em sua grande obra de ficção científica, A Origem, mas nos leva a uma viagem interessante e prazerosa por 169 minutos.

Adriano Cardoso

 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Filmes vistos em Outubro/2014

Segue abaixo a lista de filmes que assisti em outubro, fiquem a vontade para comentar e discutir:

Isolados (Brasil/2014) 2/5
Zumbilandia (Estados Unidos/2010) 4/5
Godzilla (Estados Unidos/2014) 3/5
Vizinhos (Estados Unidos/2014) 3/5
Fed Up (Estados Unidos/2014) 4/5
Third Person (Reino Unido. Estados Unidos, Alemanha e Bélgica/2014) 2/5
Trash - A Esperança vem do Lixo (Brasil/Estados Unidos/2014) 2/5
Garota Exemplar (Estados Unidos/2014) 5/5
O Homem Mais Procurado (Reino Unido/Estados Unidos/Alemanha/ 2014) 5/5
Linha de Frente (Estados Unidos/2013) 1/5
No Limite do Amanhã (Estados Unidos/2014) 4/5
O Juiz (Estados Unidos/2014) 3/5
Alta Fidelidade (Estados Unidos/Reino Unido/2000) 4/5
Serra Pelada (Brasil/2013) 2/5
Annabelle (Estados Unidos/2014) 1/5

domingo, 12 de outubro de 2014

Filmes vistos em Setembro/2014

Segue abaixo a lista de filmes que vi em setembro, fiquem a vontade para comentar e discutir:

Obsessão (Estados Unidos/2012) 3/5
Lucy (Estados Unidos/ 2014) 3/5
Mundos Opostos (Estados Unidos/2013) 2/5
A Grande Escolha (Estados Unidos/2014) 3/5
O Doador de Memórias (Estados Unidos/2014) 2/5
Circuito Fechado ( Reino Unido/Estados Unidos/2014) 2/5
Jumper (Estados Unidos/2008) 2/5
Rota de Fuga (Estados Unidos/2013) 2/5
A Máquina (Reino Unido/2014) 2/5
Night Movies (Estados Unidos/2013) 3/5
Silent Hill - Revelação (Estados Unidos/2012) 1/5
Olhos de serpente (Estados Unidos/1998) 3/5
Amantes Eternos (Alemanha/Estados Unidos/Reino Unido/ França/2013) 4/5
The Signal (Estados Unidos/2014) 3/5

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Crítica: Lucy

 
 

Lucy
89 minutos – Ação - França- 2014
Direção: Luc Besson
Roteiro: Luc Besson
Elenco: Scarlet Johansson, Morgan Freeman, Amr Waked, Analeigh Tipton.

 
Lucy é um filme de ação com ritmo alucinante,  visual magnífico, direção eficiente e roteiro problemático.

A trama tem início quando a protagonista (Johansson) se envolve em uma confusão e acaba obrigada a trabalhar como mula no tráfico de uma nova droga, que será transportada dentro dela. Após ser atacada por alguns homens o pacote se rompe, fazendo a substancia entrar em contato com sua corrente sanguínea, sendo que quanto mais a droga percorre seu corpo, mais funções cerebrais a heroína adquire, tendo consciência de que deve correr contra o tempo para achar uma cura, antes que morra.

 

As explicações sobre as transformações que a moça sofre são elucidadas pelo professor Norman (Freeman) enquanto o mesmo dá uma palestra sobre a utilização do cérebro pelos humanos e outros animais. O personagem age como um narrador durante o primeiro ato do longa, situando o expectador e tentando justificar algumas das mudanças observadas por nós. Mas se no início as transformações são sutis e interessantes, com o passar do tempo as habilidades adquiridas parecem muito mirabolantes e as transformações finais são absurdas demais para serem creditadas à “capacidade de utilização do cérebro”

Como em La Femme Nikita e O Quinto Elemento, outros trabalhos do diretor com uma forte protagonista feminina, este Lucy é carregado de sequencias de ação, e sempre em cadência acelerada, retratando a necessidade da urgência para que a heroína consiga se salvar. Luc Besson alterna estas cenas com outras documentais, o que torna o filme visualmente bonito, mas que nem sempre funciona, como o momento no qual são mostrados felinos caçando numa savana, enquanto a protagonista chega ao hotel no primeiro momento de tensão.

 

O roteiro tem muitos problemas e imposições que são realizadas para fazer a trama andar. Por que razão Lucy recebe um pacote de drogas dentro dela, se tudo leva a crer que essa “encomenda” seria entregue dentro de Hong Kong mesmo, e não de outro destino como nos casos das outras mulas que vão pra Europa? Se ela de certa forma aceitou isso, por que motivo é vigiada e trancada num outro porão? Além disso existem outros aspectos do roteiro que são deixados de lado, como por exemplo o destino do médico que insere o pacote nas mulas, e que recebe tanta atenção no primeiro ato, mas que depois não aparece mais e nem é citado.

Culminando com um desfecho bobo, executado para deixar os espectadores mais felizes, Lucy é um passatempo interessante, que poderia ser mais do que isso se houvesse um cuidado maior com a trama e com a história narrada.

 
 
Adriano Cardoso

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Filmes Agosto/2014


Segue abaixo a lista de filmes que vi no mês de agosto.
Fiquem a vontade para discutir e comentar:

Amante a Domicílio (Estados Unidos/2013) 3/5
O Duplo (Estados Unidos/2014) 4/5
Locke (Reino Unido/Estados Unidos/2014) 3/5
Capitão América 2: O Soldado Invernal (Estados Unidos/2014) 3/5
A Estrada (Estados Unidos/2009) 3/5
De Repente Pai (Estados Unidos/2013) 2/5
R.I.P.D. - Agentes do Além (Estados Unidos/2013) 1/5
Uma Babá Quase Perfeita (Estados Unidos/ 2013) 4/5
Butter: Deslizando na Trapaça (Estados Unidos/2011) 1/5
Transformers (Estados Unidos/2007) 2/5
Carrie, a Estranha (Estados Unidos/2013) 2/5
O Conselheiro do Crime (Estados Unidos/2013) 3/5
Sem Dor, Sem Ganho (Estados Unidos/2013) 2/5
Transformers: A Vingança dos Derrotados (Estados Unidos/2009) 1/5
Repo Men - O Resgate de Órgãos (Estados Unidos/ Canada - 2010) 4/5
Inimigos de Sangue (Reino Unido/2013) 2/5
O Grande Assalto 11.6 (França/2013)
No Olho do Tornado (Estados Unidos/2014) 2/5
They Came Together (Estados Unidos/2014) 3/5

Adriano Cardoso

domingo, 31 de agosto de 2014

CRÍTICA: No Olho do Tornado


http://wp.clicrbs.com.br/itapemafun/files/2014/08/no-olho-do-tornado-e1408453471604.jpg


Into the Storm
89 minutos - Ação - 2014 (Estados Unidos)
Roteiro: John Swetnam
Direção: Steven Quale
Elenco: Richard Armitage, Matt Walsh, Sarah Wayne Callies


Em 1996 Jan De Bont nos trouxe Twister, que embora não fosse um grande filme contava uma história divertida e com personagens que nos prendia um pouco a atenção. 18 anos depois surge nos cinemas esse No Olho do Tornado, cuja proposta é bem semelhante ao longa da década de 90 porém pior em todos os aspectos.

Como em todo filme de ação descartável temos apenas caricaturas de personagens. Na equipe de cientistas há o veterano obcecado por tornados que entra em conflito com uma pesquisadora (a rivalidade conhecimento X intuição/experiência) e o cinegrafista que tem muito medo e está no projeto por dinheiro. Para completar o pai, que em busca do filho mais velho rebelde tem o papel de herói, e uma dupla de caipiras que corre atrás de tornados, servindo como alívio cômico.

 http://bunkernerd.com.br/wp-content/uploads/2014/08/Into-the-Storm-2014-Images.jpg

Os diálogos são chatos e expositivos, tornando ainda mais óbvio como será a cena seguinte. Por exemplo: quando um determinado personagem dá a outro um pendrive, diz que ali existem informações vitais que salvarão vidas no futuro e sai do abrigo, todos sabemos que ele tentará um ato heróico e qual será seu destino final.

O diretor Steven Quale tenta simular em muitas cenas filmagens amadoras através da visão dos personagens que ali utilizam filmadoras e celulares, algo que se torna ridículo muitas vezes. Perdendo a verossimilhança, quando o artefato capta conversas distantes ou filma longas sequências sem tremer ou balançar, mesmo em meio a tanta tensão! Outro aspecto a ser destacado aqui é o posicionamento dos atores (personagens), que por vezes parecem estar próximos dos tornados e despreocupados,  conseguem prever suas mínimas mudanças de direção.

Chegamos então ao único ponto mais interessante do filme: os efeitos especiais. Se não são inovadores ao menos funcionam muito bem, e claro, trazem os poucos bons momentos do projeto. A cena na qual o tornado passa por um aeroporto lançando os aviões pro ar é sensacional! Pena que a interação dos personagens com o desastre não siga o mesmo princípio...

http://www.tribunadopiaui.com.br/images/no-olho-do-tornado--86375.jpg

Tão incompetentes, os realizadores não conseguiram, mesmo com cenas durante os créditos, chegar a 90 minutos de projeção. E diferente do longa de 1996 sobre furacões, este filme não nos traz muito entretenimento, saindo de nossa memoria com velocidade maior do que a dos tornados exibidos nele.

 

Adriano Cardoso

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Repo Men - O Resgate de Órgãos (Estados Unidos/ Canada - 2010)
Direção:  Miguel Sapochnik
Roteiro: Eric Garcia e Garret Lerner
Elenco: Jude Law, Forest Whitaker, Alice Braga, Liev Scereiber

Trama futuristas na qual uma empresa denominada União vende órgãos artificias por preços extremamente altos, e tem um departamento de coletores, caçadores de recompensas que vão atrás de clientes que não pagam e recuperam o órgão vendido. Embora um ou outro elemento do filme sofra deslizes, a trama é divertida e convincente, possuindo uma importante reviravolta perto do final. 4/5
Transformers: A Vingança dos Derrotados (Estados Unidos/2009)
Direção: Michael Bay
Roteiro: Ehren Kruger e Alex Kurtzman
Elenco: Shia LaBeouf, Megan Fox, John Turturro

Todos os defeitos que podem existir num filme ruim estão aqui: erros de continuísmo, trama fraca e boba, overacting e falta de expressão dos atores, diversas falhas no roteiro e ausência de direção. Agora o pior de tudo é agüentar sua duração, quase 3 horas!
1/5
Reativando o blog. Haverá um comentário mesmo que pequeno para cada filme visto ou revisitado.