terça-feira, 11 de novembro de 2014

CRÍTICA: INTERESTELAR





Interestelar (Interstellar) 
169 minutos – Drama - Estados Unidos - 2014 
Direção: Christopher Nolan 
Roteiro: Jonathan Nolan e Christopher Nolan 
Elenco: Anne Hathaway, Matthew McConaughey, Michael Caine, Jessica Chastain, Casey Affleck, Bill Irwin e John Lithgow.

Christopher Nolan trouxe inovações ao cinema com seu Amnésia, criou uma trilogia de sucesso com Batman e nos levou a uma ficção científica sobre o domínio do mundo dos sonhos em a Origem. Agora nos trás uma aventura espacial tendo como pano de fundo a destruição eminente da Terra, mas será que consegue alcançar um resultado tão bom quanto os anteriores?

A trama se passa num futuro não muito distante onde a Terra parece destinada a destruição à medida que progressivamente espécies vegetais desaparecem, não ocorrem chuvas e tempestades de poeira derivadas de uma praga são cada vez mais comuns, o que obrigou a maioria dos homens a abandonarem suas profissões e tornarem-se fazendeiros na desesperada tentativa de tentar brecar a escassez de alimentos. É nesse cenário que somos apresentados a Cooper (McConaughey), um ex-piloto que abandona sua profissão para cuidar dos filhos e cultivar milho em sua fazenda, até que um fenômeno estranho presenciado em sua casa o leva a uma base secreta da NASA, onde ele é recrutado para pilotar uma nave com o objetivo de descobrir um planeta para ser o novo habitat dos humanos.
 

A apresentação do mundo é feita de maneira exemplar por Nolan: enquanto muitos diretores gastariam tempo explicando o que ocorreu com a Terra, ou como funciona esse novo mundo, o diretor nos joga na história, e de início acreditamos estar presenciando acontecimentos numa cidadezinha do interior estado-unidense, mas algumas pistas dos diálogos vão nos posicionando sobre os problemas enfrentados pelos protagonistas, e de como o mundo chegou àquela situação caótica.

Os aspectos visuais do longa também merecem elogios: a fotografia do filme é belíssima, com muitos planos abertos, exibindo por vezes a insignificância de uma nave em relação a um planeta ou a imensidão do universo. Mostra de forma eficiente um mundo desolado e mergulhado em tons amarelos, sendo retratado de forma muito eficaz pela direção de arte (como ao ilustrar a fazenda da família, com utensílios sempre cobertos de pó e automóveis do nosso século um pouco envelhecidos, ao retratar o apertado interior das naves, ou nos fazer sentir como alguns ambientes são sépticos e sem vida), pecando apenas no design do robô CASE, cujo visual não parece se enquadrar naquele universo, e sua estrutura física não parece ter qualquer função útil em sua funcionalidade (embora o personagem tenha sua importância na trama).


A direção do filme é precisa, criando bons momentos de suspense e até mesmo surpresa, há uma determinada cena que choca o espectador por ser algo repentino e assustador (não citarei aqui pra não comprometer a experiência de quem ainda não assistiu ao longa), falhando apenas num determinado momento: a morte de determinado personagem que pode ser antecipada por nós em todas as seqüências que a precedem , e por isso mesmo acaba soando implausível. Os atores também executam bem suas funções, o que contribui para o trabalho do diretor, com maior destaque para Matthew McConaughey que sempre se coloca como um explorador inconformado com a situação de ser um fazendeiro, e cujo amor pelos filhos funciona como motivação para qualquer desafio que precise enfrentar, e um outro ator importante que faz uma ponta surpresa, num papel bem diferente dos que está acostumado a desempenhar (saberão facilmente quem é).

Eis que chegamos ao roteiro... A forma como Cooper encontra a base da NASA e num momento seguinte surge como única opção para pilotar a nave da missão parece algo "jogado", sem muito desenvolvimento, utilizando apenas como artifício de que ele é um ótimo piloto e já trabalhou com o professor Brand (Caine). Algumas escolhas dos personagens com relação à missão também não fazem sentido, parecem apenas querer jogar o filme em determinada direção, por exemplo ao descartar determinado planeta em detrimento a outro destino que possui um problema relativamente sem solução. Mesmo com estes problemas, os dois primeiros atos do filme são extremamente promissores, principalmente devido à apresentação de elaboradas teorias físicas e quânticas (Nolan teve a consultoria de um cientista, Kip Thorne, no desenvolvimento do projeto), que são exploradas cuidadosamente, incluindo aí conceitos relativos a gravidade, espaço quântico, buraco negro rotativo e "buraco de minhoca". Essa base científica junto com outros pequenos detalhes vão delicadamente construindo o futuro dos personagens e criando grande expectativa para o desfecho da trama.

Uma pena que ele não ocorra como deveria, e no terceiro ato o filme imploda. Inseguro sobre a narrativa, Nolan perde muito tempo explicando coisas que ficaram óbvias (na maioria das vezes repetindo algumas cenas), sem se preocupar em fechar outros aspectos do roteiro, da forma que ficou perde o sentido. Isso demonstra que o idealizador soube criar grandes expectativas e fazer uma bela preparação nos primeiros atos, mas foi incapaz de encontrar uma grande solução para tudo aquilo que cuidadosamente trabalhou.

Culminando de forma um tanto otimista, Interestelar não é nem sombra do que vimos em sua grande obra de ficção científica, A Origem, mas nos leva a uma viagem interessante e prazerosa por 169 minutos.

Adriano Cardoso

 

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Filmes vistos em Outubro/2014

Segue abaixo a lista de filmes que assisti em outubro, fiquem a vontade para comentar e discutir:

Isolados (Brasil/2014) 2/5
Zumbilandia (Estados Unidos/2010) 4/5
Godzilla (Estados Unidos/2014) 3/5
Vizinhos (Estados Unidos/2014) 3/5
Fed Up (Estados Unidos/2014) 4/5
Third Person (Reino Unido. Estados Unidos, Alemanha e Bélgica/2014) 2/5
Trash - A Esperança vem do Lixo (Brasil/Estados Unidos/2014) 2/5
Garota Exemplar (Estados Unidos/2014) 5/5
O Homem Mais Procurado (Reino Unido/Estados Unidos/Alemanha/ 2014) 5/5
Linha de Frente (Estados Unidos/2013) 1/5
No Limite do Amanhã (Estados Unidos/2014) 4/5
O Juiz (Estados Unidos/2014) 3/5
Alta Fidelidade (Estados Unidos/Reino Unido/2000) 4/5
Serra Pelada (Brasil/2013) 2/5
Annabelle (Estados Unidos/2014) 1/5