segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

CRÍTICA: Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo



Foxcatcher
129 minutos - Drama - Estados Unidos -2015
Direção: Bennect Miller
Roteiro: E. Max Frye, Dan Futterman
Elenco: Steve Carell, Channing Tatum, Mark Rufallo, Sienna Miller, Vanessa Redgrave

A história é centrada em Mark Schultz (Tatum) campeão olímpico de luta greco-romana que recebe  convite do recluso milionário John du Pont (Carell), para se mudar para o centro de treinamento Foxcatcher com o objetivo de se preparar e auxiliar outros atletas para próximas competições importantes.

O elenco tem boas atuações, embora a maquiagem nos personagens chamem mais atenção do que o desempenho dos atores. Tatum cria um sujeito disciplinado, centrado nos treinos e cujo único objetivo é vencer as competições. Vive a sombra de seu irmão David (Rufallo, que compõe um personagem maduro e preocupado com sua família, é um líder natural, ensina seu irmão e estuda cuidadosamente os adversários), e quer buscar a glória sozinho. Carell é o grande destaque. Interpreta du Pont com características únicas, ombros um pouco encurvados, andar lento, voz anasalada, embora de certa forma uma figura patética também sempre com um certo tom autoritário e ameaçador. O milionário resolve se tornar uma espécie de mecenas do esporte para alcançar glórias que nunca teve e ter alguma aprovação de sua mãe (Vanessa Redgrave). Conforme o filme avança o sujeito se torna mais megalomaníaco, obrigando os atletas a aparecerem em vídeos dando depoimentos sobre como ele os ajuda, inspira e os treina, quando na verdade ele pouco sabe sobre o esporte conhecendo mais com os ensinamentos de Mark e David.

A trilha sonora cria um ambiente de hostilidade e tensão, os sons trazem uma inquietação e sentimos que a qualquer momento John pode fazer alguma coisa impulsiva. O roteiro sabe criar essa tensão mas infelizmente não a desenvolve adequadamente. Em parte devido à adaptação da história (que altera diversos fatos, apenas para citar um exemplo: foi David quem se tornou amigo de du Pont e não Mark), estando o roteiro mais preocupado em causar surpresa com o clímax do filme do que em contar uma história crível e coesa. Por exemplo, durante um tempo Mark para de treinar e quando chega uma competição ele falha miseravelmente, entretanto logo se recupera e supera tudo com facilidade graças apenas ao auxílio e conselhos de seu irmão. A trama também acaba soando superficial em alguns aspectos, observamos diversos atletas treinando em Foxcatcher, mas nunca vemos como eles se saem nas competições, parecem ser apenas figurantes para David e Mark. 

Contando ainda com uma boa direção de arte, que dá ao filme um fiel clima da década de 80, incluindo utensílios das casas e designer do uniforme dos atletas, Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo, embora tenha um desfecho surpreendente (para quem não conhece a história), poderia ter sido muito mais se a preocupação dos roteiristas não fosse essa, mas sim a de contar uma história que se desenvolve de forma orgânica, mesmo que com final mais óbvio.


Adriano Cardoso

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