Total Recall
165 minutos - Ação - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: David S. Goyer, Christopher Nolan, Jonathan Nolan
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Tom Hardy,Michael Kain, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt, Matthew Modine
Elenco: Christian Bale, Tom Hardy,Michael Kain, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt, Matthew Modine
Em 1990 o diretor Paul
Verhoeven trazia as telas O Vingador do
Futuro, um filme de ação e ficção científica com o astro do momento: Arnold
Schwarzenegger. O longa tinha grandes efeitos especiais, se situava num mundo
bem construído e muito interessante, e tinha uma história que, embora com
algumas falhas, prendia o espectador do começo ao fim da projeção. Vinte e dois
anos depois chega às telas essa refilmagem. Com um orçamento maior e elenco
melhor todos esperavam que pudesse surgir algo interessante. Infelizmente não é
o que acontece.
Diferente do original aqui
toda ação se passa na Terra. Guerras devastaram o planeta como o conhecemos
restando apenas o Federação Britânica, composto pela Europa, e “A Colônia”, a Austrália,
local de trabalho de muitos sobreviventes deste mundo. Há um único meio de
transporte que liga os dois continentes, A Queda, um misto de trem com nave
espacial, que atravessa o núcleo do planeta para alcançar seu destino. Uma
revolta esta prestes a eclodir: os habitantes da Colônia estão insatisfeitos
com as condições de trabalho e com a opressão que sofrem pelos governantes.
Douglas Quaid (Collin Farrel) um simples trabalhador da Colônia, sentindo que
falta algo em sua vida resolve visitar a Rekall, uma empresa que transforma
sonhos em memórias. Algo dá errado e Quaid não sabe se sua memória havia sido apagada
pois ele na verdade é um espião que trabalha para a resistência da Colônia, ou
se está vivendo um sonho criado pela empresa.
Embora o ambiente mude com
relação ao filme anterior os personagens principais são mantidos. Além do
protagonista já citado, temos a esposa de Quaid interpretada por Kate
Beckinsale (e que tem um papel muito maior do que Sharon Stone tinha no original),
Melina (Jessica Biel) que trabalha para a resistência, Chanceler Cohaagen (Bryan
Cranston, da série Braking Bad) responsável pela polícia, e Kuato,
ou Quatto (O sempre interessante Bill Nighy), líder da resistência. Além do ambiente no qual é situada a narrativa
há uma grande mudança em relação ao protagonista. Não há dúvidas de que Collin
Farrel dramaticamente é muito superior a Schwarzenegger, mas fisicamente
falando o segundo leva vantagem. Cientes disso os realizadores alteraram o foco
do personagem de força bruta para a agilidade e inteligência em algumas cenas.
Se no longa anterior Arnold usava sua força para se soltar da cadeira e escapar,
aqui, na mesma cena, o personagem de Farrel age rápido e calcula precisamente
cada movimento seu. Isto é muito interessante e mais inerente ao personagem. Aliás,
seria se o filme trabalhasse essa característica do protagonista ao invés de
usar de forma isolada, dando a impressão de que Quaid tem certas habilidades
que aparecem num ponto da narrativa, mas somem na cena seguinte...
Comparando os dois filmes,
este é muito inferior ao de 1990. Se no original o protagonista toma uma
decisão em relação a um personagem após perceber que escorre suor de sua testa,
aqui ele tem a mesma atitude ao ver lágrimas no rosto de uma terceira pessoa, e
que no momento não soa verossímil, dando a impressão de ser apenas uma maneira
que o roteirista encontrou de alterar a cena da obra anterior mantendo o mesmo
resultado final, o qual na verdade fica comprometido. Outras falhas e fatos
absurdos corroboram para a perda de qualidade. Por exemplo, o momento no qual
Melina aparece inexplicavelmente e salva Quaid no meio da autopista. Como ela apareceu
ali? Como saberia que após uma fuga toda desajeitada ele fosse precisar de
ajuda bem ali no meio? E o que dizer do
Chanceler, o líder ou um dos líderes do governo, ir ao campo de batalha comandando
um exército? Não faz o menor sentido! Ainda
sobre o roteiro, há uma tentativa de homenagear o filme anterior: naquela obra o
protagonista utilizava um dispositivo para enganar os guardas se disfarçando
holograficamente como uma senhora robusta. Numa determinada cena desta adaptação,
vemos a mesma atriz do filme anterior, e quem viu o original poderia pensar que
o personagem estava utilizando o mesmo disfarce, entretanto o diretor estraga
nossa surpresa ao revelar numa cena anterior que aparência Douglas usará... Embora
com muitos defeitos preciso admitir que algumas cenas de ação foram muito bem executadas,
como aquela no centro da Rekall quando Quaid enfrenta diversos policiais, e sua
fuga pela cidade, com bons momentos de parkour.
O design de produção do
filme realmente chama atenção, mas não pela originalidade e sim, por misturar
elemento de três outras obras. A Colônia tem um visual muito semelhante ao da
cidade futurística mostrada em Blade
Runner- O Caçador de Andróides. Vemos amontoados de residências, barracas
de comida, cenas externas noturnas e com chuva. Quando vemos veículos não há como
não lembrar de Minority Report- A Nova
Lei, de Steven Spielberg. Os carros
flutuantes, as pistas, o tráfego, tudo isso remete a este longa. Os robôs
brancos e com aparatos tecnológicos são muito parecidos com os clones da saga Star Wars.
Alguns dirão que são homenagens. Mas é impossível ver por esse prisma. Quando
se homenageia uma obra você cria uma cena com o contexto da mesma, de forma a
mencionar, brincar ou repetir de outro jeito aquela. Algo que não acontece
aqui.
Sendo mais longo que o esperado,
devido a uma tola e imbecil tentativa de reviravolta no final, que serve apenas
pra testar o nível de inteligência dos espectadores, por que com o mínimo de
intelecto você notará que aquilo não faz qualquer sentido, esse O Vingador do Futuro foi apenas
idealizado com o objetivo de arrecadar dinheiro. Mas também o que podemos
esperar de uma obra dirigida por Len Wiseman, responsável pelos ridículos Anjos da Noite, Anjos da Noite A Evolução, e Duro
de Matar 4.0. Felizmente diferente da proposta da Rekall, as memórias deste
filme não devem durar muito nas mentes dos espectadores. Caso ainda não tenha
visto o original, vá agora mesmo assistir, e tenho certeza que também se
rebelará contra esta adaptação.