segunda-feira, 30 de julho de 2012

CRÍTICA: E aí... Comeu?


E aí... Comeu?
111 minutos - Comédia - 2012 (Brasil)
Roteiro: Marcelo Rubens Paiva, Lusa Silvestre
Direção: Felipe Joffily
Elenco: Bruno Mazzeo, Marcos Palmeira, Emílio Orciollo Neto, Seu Jorge, Dira Paes, Tainá Mϋller, Juliana Schalch, Laura Neiva



Não há como falar de “E aí... Comeu?” sem comentar seu trailer nos cinemas. Nele vemos Honório (Marcos Palmeira), Fernando (Bruno Mazzeo), e Fonsinho (Emílio Orciollo Neto) numa mesa de bar falando sobre o filme que eles iriam fazer, dando a impressão de que seria algo informal e o mais real possível. Bringando com os personagens e comparando a característica deles com a de suas vidas de verdade. Com o slogan: A primeira comédia verdadeira sobre o amor.

Mas a realidade do longa é diferente e decepcionante. Adaptado da peça homônima de Marcelo Rubens Paiva, o filme começa com um plano interessante no qual Honório no banheiro de um bar, faz um monólogo que pra resumir seria algo como “A noite é nossa, vamos conquistar as mulheres”. Interessante, bem enquadrado e pertinente a premissa “vendida”. O problema é que nas cenas seguintes descobrimos que ele é casado e não tem qualquer interesse em conhecer outras garotas ou trair sua esposa, Fernando está separado da mulher, deprimido não parece ter intenção de encontrar ninguém, e Fonsinho, só se interessa por “putas e mulheres casadas”, segundo afirmação de seus amigos. Esse choque de idéias entre a cena inicial e os acontecimentos seguintes já demonstra a bagunça na qual está inserido o filme.

Grande parte da narrativa se passa num bar freqüentado todas as noites pelos personagens. Onde bebem, reparam em garotas, falam de problemas do cotidiano e relatam experiências anteriores. Para tentar criar um ar realista os diálogos são recheados de palavras de baixo calão e xingamentos, sempre num tom elevado de voz. Eu disse tentar, porque tudo parece extremamente artificial. Não há um relaxamente ou entrosamento entre os amigos. O que se deve em parte à interpretação dos atores. È verdade que muitas vezes homens se comportam assim, mas não “assim”. Será que nenhum dos roteiristas pensou que os personagens poderiam sussurrar algumas frases, ou abaixar o tom de voz em determinado momento? Por esse comportamento eles acabam entrando em atrito com um grupo de garotas que também freqüenta o bar diariamente. Não é estranho, criar desentendimento justamente com o alvo deles, dado o discurso de abertura de Honório? E o pior é que os protagonistas não se incomodam com isso, e não dão relevância ao grupo feminino. Dar razão ao grupo de “machos” reforça ainda mais o caráter machista da história. Enfraquecendo mais a premissa original e carregando o filme de artificialidade.  Mas nada precisa fazer muito sentido já que estamos presenciando uma barata tentativa de criar uma situação realista não é verdade? 



Ainda falando sobre o bar, a película cresce imensamente quando entra em cena Seu Jorge, interpretando um garçom também chamado por esse nome dado a semelhança com o próprio. Seu Jorge ofusca todos os outros atores. À vontade ele fala de suas experiências, dá conselhos e faz piada. E tudo parece muito natural, alcançando o tom certo e tirando risos da platéia nas falas mais cômicas. Isso diminui ainda mais a performance dos protagonistas, principalmente o péssimo Emílio Orciollo Neto, incapaz de transmitir qualquer emoção, não que seu personagem ajude, mas...

Embora sempre se reúnam no bar, muitas vezes neste são discutidos acontecimentos relativos aos três personagens principais, de forma que o roteiro cria uma pequena trama para cada um. Honório tem problemas com a esposa Leila (Dira Paes), ambos saem sozinhos todos os dias, o distanciamento não é mostrado, mas a relação deles é relativamente coerente, contudo o clímax é ridículo e óbvio. Com direito a uma cena de perseguição patética, onde o diretor embora tente criar suspense presume que os espectadores são idiotas, pois o desfecho é extremamente previsível. Fonsinho pretende terminar seu livro, enquanto procura um relacionamento mais sério. Certo, isso é normal. Mas como um homem experiente e que segundo o roteiro já teve milhares de experiências, busca namorar uma mulher casada, ou casar com uma garota de programa? Isso poderia ser fruto de uma experiência do passado, ou alguma história mal resolvida, mas o roteiro não dá pistas de nada disso...  Aliás, criar vínculo do personagem com uma garota de programa apenas devido a uma conversa que eles mantêm num site de acompanhantes é algo sem fundamento. Aqui é necessário fazer um pequeno elogio: o filme retrata a conversa no chat através de legendas na tela e não com narração dos personagens, felizmente, já que esse outro modo soa artificial, e irritante. A subtrama mais razoável é a de Fernando, lidando com o fato da separação com a esposa e o relacionamento com Gabi (Laura Neiva), uma adolescente de 17 anos. È interessante, pois cria a possibilidade de um cara mais velho fazer sexo com uma menor de idade, algo até certo ponto corajoso por parte dos realizadores. E também promove o crescimento do personagem trazendo a tona um dilema moral. Infelizmente o roteiro falha miseravelmente quando ilustra a situação dele com sua ex-esposa Vitória (Tainá Mϋller). Sendo machista desde uma cena na qual esta pede que o ex-marido carregue suas malas pra fora de casa, passando por outra na qual mostra a indecisão como comportamento “típico” das mulheres, e fechando com uma confissão sobre o seu futuro e a razão de tomar essa atitude.



Como vimos o roteiro têm muitos problemas, mas outro ponto crítico do filme é a direção. Sem uma boa performance nesse aspecto alguns atores extrapolam e outros não conseguem atingir a dramaticidade necessária. Tudo fica muito claro quando os protagonistas estão bêbados e resolvem encontrar um sujeito no meio da madrugada. Numa cena os vemos falando alto, sem coordenação e atrapalhados com as próprias palavras, na seguinte, normais fazendo discursos lúcidos, num próximo momento voltam a parecer embriagados... Nessa parte do filme reparamos ainda mais no desempenho de Emílio que é péssimo, incluindo a conversa deste, sentado na sarjeta com a garota de programa Lana. Ainda falando em direção, não podemos deixar de mencionar as constantes incursões de Marcos Palmeira quebrando a 4ª parede e falando com o público. Mal utilizado e deselegante, o recurso destrói ainda mais o longa, atirando o espectador pra fora da tela e quebrando a já fraca narrativa. Chega ao cúmulo de Honório “invisível”, numa cena íntima entre Fonsinho e uma garota, ensinar a mesma a fazer sexo oral, num esforço desesperado de fazer os espectadores rirem.

Não cheguei à conclusão se a idéia inicial do filme era aquela mostrada nos trailer, ou se a incompetência dos realizadores levou a este outro caminho, de qualquer forma o “realismo” do filme pode incomodar, como beber um pouco a mais na noite anterior, mas certamente será esquecido mais rapidamente do que uma conversa boba com seus amigos no bar.

domingo, 29 de julho de 2012

CRÍTICA: Chernobyl




Chernobyl Diaries
90 minutos - Terror - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: Oren Peli, Shane Van Dicke, Carey Van Dicke
Direção: Bradley Parker
Elenco: Jesse McCartney, Nathan Phillips (II), Jonathan Sadowski, Olivia Dudley, Ingrid Bolsø Berdal, Devin Kelley, Dimitri Diatchenko



Em 1986, durante um teste de segurança, o reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl explodiu, liberando uma imensa nuvem radioativa que contaminou todo o meio ambiente numa área de quase 2 km2.  Embora os números não sejam precisos, cerca de 100 pessoas faleceram durante o acidente, e um numero ao menos 40 vezes maior veio a óbito devido aos efeitos da radiação a médio e longo prazo. As cidades de Chernobyl e Pripyat, uma cidade com mais de 50.000 habitantes, a maioria famílias de empregados da usina, foram evacuadas, Sendo que a vida nesses locais tornou-se impossível devido ao elevado nível de radiação presente e cumulativa no ar, água e  solo.

Essa região, quase na fronteira entre a Ucrânia e a Bielorússia, é o pano de fundo da história. Um grupo de jovens em viagem ao leste europeu decide visitar a cidade fantasma de Pyriaty. Planejando ficar apenas 2 horas no local, período no qual a radiação não provoca qualquer mal as pessoas segundo o guia Uri, eles têm um problema com o veículo. Presos lá descobrem que não estão sozinhos, devem escapar e tentar entender o que está acontecendo. 

Para um filme de terror, a princípio a idéia é muito interessante: além de ter que fugir do perigo, os protagonistas têm a preocupação de saír de lá o mais rápido possível, tendo em vista o tempo de exposição à radiação. È uma pena que isto seja apenas um mero detalhe, praticamente não aproveitado pelo roteiro e pela direção fraquíssimos.

Os personagens são estereótipos: o rapaz que pretende pedir em casamento sua namorada, o irmão mais velho que é cafajeste e vive metendo todos em confusão, a mocinha corajosa, o casal de nacionalidades diferentes que se conhece na viagem e o guia ex-militar de grande porte físico que fala inglês com sotaque russo, e tenta fazer brincadeiras para alegrar o grupo. Nenhum deles é bem trabalhado no roteiro, embora em muitos filmes assim isso realmente não seja algo imprescindível.


Os diálogos são terríveis, começando por uma das primeiras frases do guia turístico Uri ao ser questionado sobre o silêncio do lugar:

- A natureza retomou o que é dela! 

 Então onde estão os pássaros, e os outros animais? Num momento futuro um dos personagens diz: 

- Ouviram isso? O silêncio! 

Então sua amiga responde:  

- A natureza tomou o controle

Sem criatividade um personagem repete uma fala estúpida dita por outro, momentos atrás no longa...

Aliás, o próprio diretor não deve ter prestado atenção nessa frase repetida pelos atores pois se o fizesse saberia que o filme ganharia muito com o silêncio. Poupando a todos da repetitiva e sem inspiração trilha sonora instrumental presente em praticamente todas as cenas, feita apenas pra tentar dar emoção e intensidade, uma vez que as imagens e o trabalho dos atores não foram suficientes. Esse barulho, o “silêncio”, traria uma grande agonia e inquietação por si só. Mas seria pedir demais que o estreante diretor, Bradley Parker, reparasse nisso.

A inteligência dos personagens é impressionante, numa determinada cena o guia coloca as mãos na água e faz uma brincadeira. Ora, até mesmo um aluno do 1º colegial sabe que a água é um dos maiores acumuladores de radiação, como pode um ex-militar e guia com certa experiência não saber isso... Ou talvez ninguém que participa do filme contou pra ele...

As cenas de fuga e perseguição são muito bagunçadas, não conseguimos reparar pra onde estão fugindo ou o que está acontecendo. Sim é um recurso inteligente não nos mostrar as criaturas, tendo em vista que aquilo que não é visto é muito mais assustador do que qualquer coisa que pudesse ser mostrada. Entretanto a câmera gira tanto em algumas cenas que além de não enxergarmos os seres não entendemos o que está acontecendo, o que provavelmente foi a solução encontrada para camuflar a incompetência dos realizadores.


De qualquer forma, o recurso de esconder as criaturas é estragado mais pra frente quando estas são mostradas. Mas o que seria importante vermos e termos explicação são os motivos daqueles seres. Por que raptam alguns dos jovens? È apenas um tipo de indivíduo? São frutos do acidente com Chernobyl, ou resultados de experiências no local? Nada disso é revelado. Sim, existem alguns indícios, mas essas questões não são um mistério a margem da história, e sim algo essencial para o entendimento e apreciação.

Existe apenas uma surpresa muito interessante, que ocorre no meio do terceiro ato, relativa ao destino da fuga dos protagonistas pelo subterrâneo que termina num destino curioso e intrigante.

Diferente do acidente de Chernobyl que será lembrado pra sempre, este filme provavelmente ficará na sua memória apenas até o término da sessão, o que é um grande alívio.

terça-feira, 24 de julho de 2012

A Origem e O Grande Truque do Diretor de Batman.


Um diretor sem erros

Esta semana estréia no Brasil Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises) último filme da trilogia do herói de mesmo nome dirigida por Christopher Nolan. Como já havia assistido a todos seus filmes resolvi rever alguns e falar sobre sua carreira.

Me dei conta de que ele é um dos únicos diretores que não possuí  sequer um trabalho ruim em seu currículo. Mesmo seus colegas consagrados como Steven Spielberg e Oliver Stone possuem algum deslize em suas carreiras, vide A.I. - Inteligência Artificial (2001), E Alexandre, O Grande (2004), respectivamente.


Christopher Nolan

Seus filmes sempre têm roteiros muito bem trabalhados, que com exceção de um também contam com sua participação, com histórias originais e envolventes que prendem os espectadores na poltrona do cinema do começo até os créditos finais.

Fiquei interessado em rever o trabalho dele com aqueles que já conhecem, e despertar curiosidade nos que ainda não sabem quem ele é.

Christopher Jonathan James Nolan, nascido em 30 de julho de 1970, passou sua infância entre Londres e Chicago, já que possui mãe norte-americana e pai inglês.  Ele costuma utilizar as mesmas pessoas na equipe técnica de seus filmes, incluindo sua esposa que é produtora e seu irmão, roteirista.

Vamos aos filmes?



Following (1998)


Com um orçamento de 5.000,00 dólares, o primeiro filme de Nolan, foi rodado com uma câmera de 16 mm preto e branca e contou com amigos do diretor no elenco. O roteiro, todo escrito pelo próprio diretor, não tem uma ordem cronológica linear. Este recurso, aliás, seria empregado de diversas formas em praticamente todos os seus trabalhos futuros.


Cartaz de Following, 1998


Demorou um ano para ser concluído, sendo filmado apenas nos finais de semana, quando havia tempo disponível para o elenco. Para economizar dinheiro as cenas foram gravadas em no máximo duas tomadas, e foi utilizada luz ambiente em quase todas as cenas do filme.

Following narra a história de um escritor que segue outras pessoas ( daí o nome following = seguindo em inglês) para ter inspiração para seus personagens. Entretanto o escritor acaba preso numa trama quando quebra sua regra de não seguir mais de uma vez a mesma pessoa, e acaba desenvolvendo uma amizade e parceria com uma delas...

O filme não foi lançado comercialmente no Brasil, sendo exibido apenas em festivais, e o sucesso do projeto rendeu ao diretor um acordo com a produtora Newmarket Films para a produção do seu próximo projeto: Amnésia.


Amnésia (Memento, 2000)


O primeiro filme comercial de Christopher Nolan, conta a história de um ex-investigador de seguros que tem sua esposa estuprada e morta, e fica com uma incapacidade permanente, depois de serem atacados por dois homens em sua casa. O protagonista Leonard (Guy Pearce) mata um dos agressores, mas o outro o ataca e consegue fugir. Este ataque resulta num ferimento em seu cérebro, que produz uma condição chamada de “amnésia anterógrada”, impedindo ele de se lembrar de qualquer coisa depois de alguns minutos do fato. 

A história possui uma estrutura inovadora, narrando os eventos em ordem inversa. O início mostra Leonard assassinando um homem, e vai regressando, até o começo da sua “aventura”.


Guy Pearce, em Amnésia (Memento, 2000)


Com grandes interpretações e reviravoltas muito interessantes, o filme foi aclamado pela crítica, sendo indicado ao Oscar de melhor roteiro daquele ano. Este longa abriu as portas de Hollywood para Nolan.


Insônia (Insomnia, 2002)


De todos os filmes, este com certeza é o que difere dos demais. Talvez, e também, pelo fato de ser o único cujo roteiro não é tem a mão de Nolan.

Neste Insônia, dois policiais são enviados ao Alaska para investigar a morte de uma garota. Durante perseguição ao suspeito, Dormer (Al Pacino) mata acidentalmente seu parceiro Eckhart (Martin Donovan). Simultaneamente a isto há uma investigação da corregedoria na qual Eckhart prometeu ajudar  em troca de imunidade, já que tem participação em alguns erros de Dormer. Além disso, o suspeito perseguido por eles, Walter Finch (Robin Willians) testemunha o ocorrido e começa a chantagear o protagonista.


Al Pacino e Robin Willians em Insônia (Insomnia, 2002)

A fotografia do filme é belíssima, e as interpretações de Pacino e Willians muito convincentes. Os dois têm problemas pra dormir devido ao fato de não escurecer no Alaska no período de verão, e ambos conseguem transmitir o cansaço e a instabilidade emocional de seus personagens.


Batman Begins (2005)


Após dois sucessos comerciais Nolan ganhou a chance de recriar a franquia de Batman, da DC Comics e Warner Bros, que havia chegado ao fundo do poço com o Batman & Robin de Joel Schumaker em 1997.  

E fez um belíssimo trabalho. Focando na transformação de Bruce Wayne em Batman, o filme é sombrio, e tenta ser o mais realista possível, dentro do universo do personagem. Conta com um elenco de peso incluindo Christian Bale como Batman, Gary Oldman como o policial Gordon, Morgan Freeman como Lucius Fox, Michael Kane como o mordomo Alfred e Liam Neeson como Henri Ducard.


Liam Neeson e Christian Bale em Batman Begins (2005)

O filme foi um grande sucesso de bilheteria, o que lhe rendeu um contrato para a realização de mais dois filmes da franquia.


O Grande Truque (The Prestige, 2006)


Este magnífico filme utiliza em parte de sua história a cronologia não linear empregada em quase todos os filmes de Nolan. Baseado no livro de mesmo nome escrito por Christopher Priest, conta a história de dois mágicos do século XIX, Danton (Hugh Jackman) e Borden (Christian Bale). 




Christian Bale e Hugh Jackman em O Grande Truque (The Prestige, 2006)

Ambos são amigos e trabalham juntos, mas após uma fatalidade durante um espetáculo se separam. Não posso revelar muito da história para aqueles que ainda não viram, mas os mágicos rivais acabam indo ao extremo para alcançar o sucesso e destruir um ao outro. O roteiro tem reviravoltas brilhantes e para realmente ser apreciado precisa ser visto mais de uma vez. 

Existem muitas pequenas dicas que mostram o “grande truque” que Nolan aplica nos espectadores. A fotografia e o figurino também merecem destaque, e o filme também conta com a presença de Scarlett Johansson e Michael Kaine.


Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)


Esta seqüência consegue ser melhor do que o filme que a originou, Batman Begins. Batman: O Cavaleiro das Trevas é um longa sombrio, que embora seja baseado num super herói, consegue ser um grande drama, mesclando também cenas de ação muito impressionantes. Este filme mostra o surgimento e a ascensão do vilão Coringa (Heath Ledger), o aumento da criminalidade em Gothan City e novos dramas na vida de Bruce Wayne.


Heath Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)

Segundo muitos críticos o filme foi o melhor de 2008, sendo injustiçado por ficar fora de diversas categorias no Oscar, embora tenha ganho nas categorias de melhor edição de som e ator coadjuvante para Ledger (um prêmio póstumo, já que o ator faleceu durante a etapa de pós produção do longa, e inédito por ser a primeira vez que uma obra sobre super heróis conquista um prêmio em uma das categorias principais).

Um dos grandes méritos de Nolan foi dar vida a estória com uma série de elementos que seriam bastante prováveis após o surgimento de um justiceiro (herói?) mascarado. O melhor exemplo disso no filme é o novo problema que Batman tem que enfrentar. Com sua fama, muitas pessoas ficam “inspiradas” e resolvem combater o crime, imitando-o, mas utilizando armas e dando ainda mais trabalho ao Cavaleiro das Trevas. 

O filme teve uma grande bilheteria e excelentes críticas. È necessário destacar a atuação de Ledger, que é única e brilhante, construindo um Coringa psicótico, imprevisível e violento. A fotografia também é maravilhosa, bem como os efeitos visuais e a direção de Nolan.


A Origem (Inception, 2010)


Para muitos o melhor trabalho de Nolan até agora. E embora tenha sido disparado o melhor filme de 2010, ficou fora das principais categorias nas premiações mais importantes.

Em A Origem, acompanhamos Dom Coob (Leonardo DiCaprio), um ladrão que rouba informações do inconsciente das pessoas invadindo seu sonho. Cobb não pode visitar seus filhos, pois há uma ordem de prisão contra ele, e recebe de um dos seus alvos uma proposta de trabalho. Ao invés de roubar uma informação, seu ,agora, cliente Saito (Ken Watanabe)propõe que ele plante uma idéia na mente de uma pessoa, e em troca poderá voltar pra casa e ver seus filhos novamente.


Leonardo DiCaprio em A Origem (Inception, 2010)

Este projeto abusa dos efeitos especiais, empregados de forma incrível. Como em outros de seus filmes, o diretor também mexe com a ordem cronológica da narrativa, e cria muitas reviravoltas até o final. Verificamos também uma preocupação absurda com os detalhes, e uma grande coerência com o mundo que é criado.
Além do longa ser excepcional ele conta com um final bastante diferente, que fazendo analogia com os sonhos, depende da interpretação de cada um, sendo um tanto quanto subjetivo.


O Futuro


Christopher Nolan consegue ser um diretor que faz trabalhos aclamados pela crítica e que fazem muito sucesso com o público também. È uma combinação ideal do que a maioria dos estúdios gosta e objetiva.
Além de ser um diretor jovem, vimos com ele bastante talentoso, não?

O negócio é correr aos cinemas para ver o novo Batman, rever seus filmes, e aguardar ansioso por seus novos trabalhos!


segunda-feira, 23 de julho de 2012

CRÌTICA: Sombras da Noite



Dark Shadows
113 minutos - Comédia/Terror - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: Seth Grahame-Smith
Direção: Tim Burton
Elenco: Johnny Depp, Eva Green, Michelle Pfeiffer, Helena Bonham Carter, Bella Heathcote

A parceria Tim Burton – Johnny Depp já rendeu grandes filmes como Edward Mãos de Tesoura, Ed Wood e Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet. Dessa vez eles tentaram fazer algo um pouco diferente, uma comédia sobre filmes de terror, e o resultado ficou bem aquém do que podíamos esperar.

Em 1752, Barnabas Collins (Depp) rompe um relacionamento e quebra o coração da bela Angelique (Eva Green). Esta que acabara de se tornar bruxa, mata os pais do rapaz, o transforma num vampiro e faz com que seu novo amor cometa suicídio. Por fim, o enterra vivo... Collins acaba sendo libertado em plena década de 70 devido a uma obra no local. Agora ele volta para a mansão de sua família, reencontra novos parentes e tenta ajudá-los a se reerguer, além de ter que lidar novamente com a vingativa e inconformada Angelique...

Os atores parecem se divertir em seus papéis, embora as atuações não passem de caricaturas. Helena Bonham Carter, no papel da Dra Julia Hoffman, uma psiquiatra que está sempre bêbada, Michelle Pfeiffer (Elizabeth Collins) a sensata, grande mãe e matriarca da família, e claro Depp, como o vampiro deslocado no tempo e que se sente mal por tirar a vida das pessoas e esta a procura de seu antigo-novo amor.

A trama é diferente e a princípio interessante. Entretanto o filme não funciona bem, oscilando entre comédia, e alguns momentos de terror. Nestes as cenas são “aveludadas” como aquela na qual Barnabas ao sair do caixão mata os operários ao seu redor, sem emoção ou peso dramático. Na continuação desta um momento cômico que funciona: o personagem de Depp é surpreendido pela luz de um M gigante, e faz uma referência errada e engraçada. Sim, temos momentos engraçados: a cena romântica entre Barnabas e Angelique no escritório, com a trilha sonoro adequada e fazendo referências a outros filmes de vampiros, e a cena final que soa como uma brincadeira a outros exemplares. Aliás, o ponto forte do filme são as  referências cômicas a outras obras, por exemplo O Exorcista e Exterminador do Futuro II. Mas no geral embora o objetivo seja esse, ninguém acaba rindo muito. Muitas cenas não têm a mínima graça, incluindo as diversas na qual o protagonista se mostra completamente deslocado no tempo.


A trilha sonora é um caso a parte. Nos faz mergulhar e reviver a década de 70. Com um repertório muito bem escolhido do clássico You’re the First, the Last, My Everything de Barry White, passando por The Killers e The Carpenters até Alice Cooper. Que num dos melhores momentos do filme participa de um show, interpretando a si mesmo.

Excelência no que diz respeito a direção de arte nos filmes de Tim Burton é uma redundância em seus outros filmes, e neste caso não é diferente. Alguns personagens e cenários têm um estilo gótico característico, enquanto outros, algo mais alegórico. Destaque para a mansão da família Collins, que magnífica e exuberante passa a idéia da fortuna e poder que um dia já tiveram. A cena da festa, na qual vemos os personagens mergulhados em sombras e Angelique chegando num carro, de vestido e com batom vermelhos vivo é magnífica.

No fim das contas, embora tenha uma premissa original, e um brilho na parte técnica, este filme fica à sombras das parcerias anteriores Burton-Depp, iludindo e sugando o dinheiro dos fãs da dupla.