Fui submetido a duas cirurgias nas últimas semanas, fato que prejudicou meus trabalhos, e ainda está atrapalhando. Em breve devo voltar com novas críticas e resenhas dos muitos filmes que tenho visto.
Um grande abraço a todos!
segunda-feira, 1 de outubro de 2012
domingo, 26 de agosto de 2012
CRÍTICA: O Vingador do Futuro
Total Recall
165 minutos - Ação - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: David S. Goyer, Christopher Nolan, Jonathan Nolan
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Tom Hardy,Michael Kain, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt, Matthew Modine
Elenco: Christian Bale, Tom Hardy,Michael Kain, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt, Matthew Modine
Em 1990 o diretor Paul
Verhoeven trazia as telas O Vingador do
Futuro, um filme de ação e ficção científica com o astro do momento: Arnold
Schwarzenegger. O longa tinha grandes efeitos especiais, se situava num mundo
bem construído e muito interessante, e tinha uma história que, embora com
algumas falhas, prendia o espectador do começo ao fim da projeção. Vinte e dois
anos depois chega às telas essa refilmagem. Com um orçamento maior e elenco
melhor todos esperavam que pudesse surgir algo interessante. Infelizmente não é
o que acontece.
Diferente do original aqui
toda ação se passa na Terra. Guerras devastaram o planeta como o conhecemos
restando apenas o Federação Britânica, composto pela Europa, e “A Colônia”, a Austrália,
local de trabalho de muitos sobreviventes deste mundo. Há um único meio de
transporte que liga os dois continentes, A Queda, um misto de trem com nave
espacial, que atravessa o núcleo do planeta para alcançar seu destino. Uma
revolta esta prestes a eclodir: os habitantes da Colônia estão insatisfeitos
com as condições de trabalho e com a opressão que sofrem pelos governantes.
Douglas Quaid (Collin Farrel) um simples trabalhador da Colônia, sentindo que
falta algo em sua vida resolve visitar a Rekall, uma empresa que transforma
sonhos em memórias. Algo dá errado e Quaid não sabe se sua memória havia sido apagada
pois ele na verdade é um espião que trabalha para a resistência da Colônia, ou
se está vivendo um sonho criado pela empresa.
Embora o ambiente mude com
relação ao filme anterior os personagens principais são mantidos. Além do
protagonista já citado, temos a esposa de Quaid interpretada por Kate
Beckinsale (e que tem um papel muito maior do que Sharon Stone tinha no original),
Melina (Jessica Biel) que trabalha para a resistência, Chanceler Cohaagen (Bryan
Cranston, da série Braking Bad) responsável pela polícia, e Kuato,
ou Quatto (O sempre interessante Bill Nighy), líder da resistência. Além do ambiente no qual é situada a narrativa
há uma grande mudança em relação ao protagonista. Não há dúvidas de que Collin
Farrel dramaticamente é muito superior a Schwarzenegger, mas fisicamente
falando o segundo leva vantagem. Cientes disso os realizadores alteraram o foco
do personagem de força bruta para a agilidade e inteligência em algumas cenas.
Se no longa anterior Arnold usava sua força para se soltar da cadeira e escapar,
aqui, na mesma cena, o personagem de Farrel age rápido e calcula precisamente
cada movimento seu. Isto é muito interessante e mais inerente ao personagem. Aliás,
seria se o filme trabalhasse essa característica do protagonista ao invés de
usar de forma isolada, dando a impressão de que Quaid tem certas habilidades
que aparecem num ponto da narrativa, mas somem na cena seguinte...
Comparando os dois filmes,
este é muito inferior ao de 1990. Se no original o protagonista toma uma
decisão em relação a um personagem após perceber que escorre suor de sua testa,
aqui ele tem a mesma atitude ao ver lágrimas no rosto de uma terceira pessoa, e
que no momento não soa verossímil, dando a impressão de ser apenas uma maneira
que o roteirista encontrou de alterar a cena da obra anterior mantendo o mesmo
resultado final, o qual na verdade fica comprometido. Outras falhas e fatos
absurdos corroboram para a perda de qualidade. Por exemplo, o momento no qual
Melina aparece inexplicavelmente e salva Quaid no meio da autopista. Como ela apareceu
ali? Como saberia que após uma fuga toda desajeitada ele fosse precisar de
ajuda bem ali no meio? E o que dizer do
Chanceler, o líder ou um dos líderes do governo, ir ao campo de batalha comandando
um exército? Não faz o menor sentido! Ainda
sobre o roteiro, há uma tentativa de homenagear o filme anterior: naquela obra o
protagonista utilizava um dispositivo para enganar os guardas se disfarçando
holograficamente como uma senhora robusta. Numa determinada cena desta adaptação,
vemos a mesma atriz do filme anterior, e quem viu o original poderia pensar que
o personagem estava utilizando o mesmo disfarce, entretanto o diretor estraga
nossa surpresa ao revelar numa cena anterior que aparência Douglas usará... Embora
com muitos defeitos preciso admitir que algumas cenas de ação foram muito bem executadas,
como aquela no centro da Rekall quando Quaid enfrenta diversos policiais, e sua
fuga pela cidade, com bons momentos de parkour.
O design de produção do
filme realmente chama atenção, mas não pela originalidade e sim, por misturar
elemento de três outras obras. A Colônia tem um visual muito semelhante ao da
cidade futurística mostrada em Blade
Runner- O Caçador de Andróides. Vemos amontoados de residências, barracas
de comida, cenas externas noturnas e com chuva. Quando vemos veículos não há como
não lembrar de Minority Report- A Nova
Lei, de Steven Spielberg. Os carros
flutuantes, as pistas, o tráfego, tudo isso remete a este longa. Os robôs
brancos e com aparatos tecnológicos são muito parecidos com os clones da saga Star Wars.
Alguns dirão que são homenagens. Mas é impossível ver por esse prisma. Quando
se homenageia uma obra você cria uma cena com o contexto da mesma, de forma a
mencionar, brincar ou repetir de outro jeito aquela. Algo que não acontece
aqui.
Sendo mais longo que o esperado,
devido a uma tola e imbecil tentativa de reviravolta no final, que serve apenas
pra testar o nível de inteligência dos espectadores, por que com o mínimo de
intelecto você notará que aquilo não faz qualquer sentido, esse O Vingador do Futuro foi apenas
idealizado com o objetivo de arrecadar dinheiro. Mas também o que podemos
esperar de uma obra dirigida por Len Wiseman, responsável pelos ridículos Anjos da Noite, Anjos da Noite A Evolução, e Duro
de Matar 4.0. Felizmente diferente da proposta da Rekall, as memórias deste
filme não devem durar muito nas mentes dos espectadores. Caso ainda não tenha
visto o original, vá agora mesmo assistir, e tenho certeza que também se
rebelará contra esta adaptação.
sábado, 18 de agosto de 2012
Resenhas 01/08/2012 a 10/08/2012
Intrusos (Intruders)
100 min – Suspense- 2012 - Estados
Unidos /Espanha
Roteiro: Nicolás Casariego, Jaime
Marques
Direção: Juan Carlos
Fresnadillo
Elenco: Clive Owen, Carice
van Houten, Izán Corchero
O filme tem um começo
promissor, e eficaz ao criar uma boa cena de terror introdutória na qual um
garoto e sua mãe falam sobre um conto de terror e têm que lidar com uma ameaça
que ambos não entendem, passado em algum lugar da Espanha. Em seguida vamos
para uma cidade da Inglaterra, onde conhecemos uma família, e observamos sua
pacata vida até que a filha pequena encontra um caderno dentro de uma árvore
falando sobre uma entidade misteriosa... Clive Owen interpreta o pai da garota,
e faz um bom trabalho. Com muita naturalidade mostra veracidade em sua relação
com a menina, e a forte união entre ambos. A trama do filme é fraca, boba e com
muitos furos, embora exista uma revelação muito interessante que mesmo assim
não o salve do fracasso, culminando num final bobo que faz jus ao restante da
projeção.
Jogos Vorazes (The Hunger Games)
142min – Ação - 2012 - Estados
Unidos
Roteiro: Gary Ross, Suzanne
Collins, Billy Ray
Direção: Gary Ross
Elenco: Jennifer Lawrence, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Josh
Hutcherson, Woody Harrelson
Jogos
Vorazes (The Hunger Games, 2012) Baseado no livro de mesmo nome, o filme mostra
uma competição que acontece anualmente envolvendo dois jovens, uma garota e um
garoto, de cada região da fictícia Panem, obrigados a lutar até que apenas um
sobreviva. Merece destaque por ser uma ácida crítica a estas porcarias de reality show que apenas deixam as
pessoas mais burras e ignorantes, a exemplo de Big Brother e A Fazenda.
A banalidade da violência é uma mostra de que não há limites para estes
programas, que chegam inclusive a ilustrar como as regras podem ser mudadas em
função da audiência. A história é razoavelmente bem conduzida, mas a direção de
Gary Ross é horrorosa, falhando em criar suspense em todas as cenas nas quais
ele tenta, como por exemplo aquela na qual a protagonista alveja uma maçã ao
invés do alvo de treinamento, surpreendendo a todos os presentes, menos a
platéia do filme. Essa deficiência torna tudo muito previsível, tirando o
impacto esperado de muitas cenas.
Lola (LOL)
97 min – Comédia/Drama/Romance
- 2012 - Estados Unidos
Roteiro: Liza Azuelos, Kamir
Aïnouz
Direção: Lisa Azuelos
Elenco: Miley Cyrus, Demi
Moore, Douglas Booth, Ashley Greene
No início de um novo
ano escolar, Lola (Miley Cyrus), tem que lidar com o término do namoro ao mesmo
tempo em que começa a enxergar seu melhor amigo de forma diferente. Enquanto
isso sua mãe Anne (Demi Moore) precisa apoiar a filha e lidar com o
relacionamento em segredo que mantém com o ex-marido. Refilmagem do filme
francês de mesmo nome de 2008, LOL (Laughing Out Loud) , que não vi. Este Lola
mostra uma trama boba que começa no nada e termina em lugar algum. O roteiro é
tão ruim que precisa fazer uso de flashbacks referentes a cenas quase sem importância
para preencher noventa minutos de projeção. Cyrus precisa seguir a careira de
cantora apenas, onde talvez seja boa (não conheço seu trabalho), por que não
tem qualquer vocação pra atuar. A diretora insiste em muitos raccords visuais que intercalam momentos
íntimos da mãe, e da filha. O ponto alto do filme
é sua trilha sonora, de You Can’t Always
Get What You Want do Rolling Stones,
passando por I’m Gonna Love You Just a
Little Bit More, Babe de Barry White, até Somewhere Only We Know do
Kane.
Some Guy Who Kill People (Ainda sem título official no Brasil)
142min – Comédia/Suspense - 2012 - Estados Unidos
Roteiro: Ryan A. Levi
Direção: Jack Perez
Elenco: Kevin Corrigan, Barry
Bostwick, Karen Black
Um fracassado de
trinta e quarto anos recém saído de uma instituição para tratamento
psiquiátrico, vive com sua mãe e trabalha numa lanchonete local, enquanto
alguns crimes extremamente violentos e misteriosos começam a acontecer na
cidade. Embora o início seja promissor, com um sonho em preto e branco do
protagonista, e a forma como o mesmo parece reagir ao mundo (alienado e sem se
importar muito com nada), conforme o filme progride vai se tornando mais
desinteressante. Muito se deve às tentativas de tiradas cômicas que sempre
falham. Isso inclui mudar completamente as atitudes de alguns protagonistas na
tentativa de nos fazer rir. Cito como exemplo o xerife que sendo pressionado
pela resolução do crime oscila entre preocupado, não dando a mínima e tentando
ser engraçado. Tudo acaba soando como um teatrinho de escola. O protagonista
também age dessa forma, porém em menor escala. Há uma reviravolta, que não faz
muito sentido e para ser aceita é necessário que se cubra diversos furos no
roteiro. O filme não foi lançado comercialmente por aqui, e mesmo se fosse
duvido que alguém veria.
Os Crimes de Snowtown
(Snowtown)
119 min – Drama - 2012 - Austrália
Roteiro: Shaun Grant, Justin Kurzel
Direção: Justin Kurzel
Elenco: Lucas Pittaway, Daniel
Henshall, Louise Harris
Baseado em fatos
reais, inicialmente somos introduzidos a uma família no interior da Austrália
cujos três filhos mais novos sofrem abuso nas mãos de um vizinho, num dia em
que este toma conta delas. Após o episódio um grupo de moradores se reúne e
liderados por Jonh Bunting, levantam outros casos de abusos cometidos na região
e começam a organizar planos para retaliar os agressores. Bunting passa a ter
uma participação maior na família, após iniciar um relacionamento com a mãe dos
garotos, embora não tenha a aprovação do filho mais velho. Os outros três começam
a se apegar a nova figura paterna, especialmente do protagonista, Jamie (Lucas
Pittaway, numa performance fantástica). È sob a perspectiva do rapaz que somos
conduzidos o restante do filme. Os personagens são muito bem trabalhados. Jonh
surge amoroso e carinhoso com as crianças, e parece ser o amor por eles que o
motiva a ir atrás dos molestadores... Com o tempo vamos percebendo que talvez
isso seja apenas uma desculpa, e o personagem mostra-se cada vez mais
assustador. O diretor consegue conduzir muito bem os atores, incluindo as
crianças, e com muito realismo nos traz uma história aterrorizante, fazendo um
belíssimo filme. O único aspecto negativo diz respeito à direção de arte, que
acaba se atrapalhando com as locações e não deixa claro onde ocorrem algumas
cenas. Em muitas delas temos dificuldade para nos situarmos.
Taxi Driver (Taxi Driver)
119 min – Drama - 1976 – Estados Unidos
Roteiro: Paul Schrader
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Robert De Niro, Jodie Foster, Cybill Shepherd, Harvey Keitel
A tela toda
enfumaçada no início da projeção é justamente uma referência à mente do
protagonista. Travis Bickle (De Niro, em atuação fenomenal) é um veterano de
guerra que tem uma vida extremamente solitária, e devido a não conseguir dormir
resolve trabalhar como taxista doze horas por dia, de tardezinha até de manhã. Vemos a transformação do sujeito que sem
conseguir se relacionar socialmente vai transformando-se num maníaco, uma bomba-relógio
pronta pra explodir. O longa é uma
grande crítica a sociedade preconceituosa e que possuí indivíduos perigosos tanto para o mundo quanto para eles próprios.
A trilha sonora em acordes de jazz é maravilhosa por combinar tão perfeitamente
com a cidade de Nova York, e ao criar uma tensão constante e crescente, sendo
responsável por nos instituir uma agonia dando a impressão de que uma tragédia
está sempre prestes a acontecer. Scorsese
já mostra neste filme uma direção segura e brilhante, incluindo aqui o momento
embaraçador de Travis que ao telefone tenta se desculpar com a garota pelo
último encontro fracassado, no qual a levou para ver um filme pornográfico.
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