segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

CRÍTICA: Star Wars : Episódio VII - O Despertar da Força



Star Wars: Episode VII – The Force Awakens - Estados Unidos - 2015
Direção: J.J Abrams.
Roteiro: Lawrence Kasdan, J.J Abrams e Michael Arndt.
Elenco: Harrison Ford, Carrie Fisher, Peter Mayhew, Daisy Ridley, Jonh Boyega, Oscar Isaac, Domhnall Gleeson, Kylo Ren.

Após 10 anos, volta às telas um novo capítulo da saga Star Wars, com a promessa deixar um pouco de lado a ultima desastrosa trilogia e dar continuidade ao mundo habitado pelos personagens clássicos e queridos da saga original que deixaram os cinema há 32 anos.

Embora o final apresentado em o Retorno de Jedi, filme cronologicamente anterior a este, nos leve a crer que o mundo foi “salvo”,  pouco parece ter mudado naquela galáxia: a  aliança rebelde agora se chama Resistência, continua em desvantagem e lutando contra o império, agora chamado de a  Primeira Ordem. Basicamente todos os elementos e acontecimentos do filme original estão aqui, com pequenas alterações. Esse é um dos fatores que faz esse O Despertar da Força parecer mais uma refilmagem de Uma Nova Esperança do que um novo capítulo da saga. Todas as situações vistas lá ocorrem aqui, de maneira diferente, em momentos adversos, com pessoas diferentes. A personagem principal mora num planeta deserto; um andróide possui informações importantes e é disputado pelos dois lados; um planeta é destruído;  os protagonistas visitam um bar/cantina em busca de um transporte para outro planeta; um personagem é preso e torturado, e mais coisas que estragariam a experiência se mencionadas.

É muito bom rever os heróis da antiga trilogia, ainda extremamente carismáticos mas já deslocados a outras funções na narrativa, e interessante começar a conhecer os novos. Han Solo (Ford) volta a ser um contrabandista junto com Chewbacca (Peter Mayhew, por baixo do traje) enquanto que Léia (Carrie Fisher) agora é general da Resistência. Os novos rostos são Poe (Oscar Isaac) como o melhor piloto da Resistência, Domhnall Gleeson como Hex, general do Primeiro Comando, Kylo Ren (Adam Driver), Rey (Daisy Ridley) e Finn (Jonh Boyega), cujas funções prefiro não comentar para não estragar algumas surpresas da trama.

A parte visual é impecável, além de mostrar uma coerente evolução da tecnologia daquele mundo nos traz novas criaturas e raças alienígenas. A mixagem de som também merece destaque, até mesmo o característico som dos sabres de luz recebeu pequenas alterações tendo uma nova textura sonora bem interessante.

O universo é bem retratado e o roteiro apresenta muitas referências a falas e situações anteriores das personagens, em alguns momentos satirizando acontecimentos que já presenciamos, destaque para quando os protagonistas fogem e Finn segura na mão de Rey, que reclama e critica aquilo, o que é um pequeno gesto feminista mostrando a independência da garota e satirizando a fuga de mãos dadas de Luke e Léia no filme original. 

Aliás este é justamente o ponto alto do filme: colocar em evidências minorias sem necessariamente expor ou explorar isso. O protagonista é mulher e completamente independente, e o segundo personagem mais importante é negro. Pode parecer pouco, mas levando em conta que estamos falando de um filme de altíssimo orçamento de Hollywood e responsável por uma legião de fans... 

Como muito não foi contado, há um salto de mais de 30 anos entre o episódio VI e este filme, muitas informações são dadas pelos personagens de forma expositiva, o que enfraquece um pouco a trama (confesso que muitas coisas que foram contadas parecem mais interessantes que a própria narrativa do filme, e talvez sejam ilustradas por algum outro filme, ou no capítulo seguinte). 

Justamente por ser uma espécie de refilmagem do original, em muitos aspectos a trama acaba sendo previsível,  e pode decepcionar um pouco  aqueles que buscam elementos novos. Há também algumas situações que são incoerentes, como determinada cena de luta de Kylo Ren com outro personagem, não faz o menor sentido a forma como é conduzido o combate e menos ainda seu desfecho, levando em conta tudo que vimos o personagem fazer antes. Ainda sobre Kylo Ren, há um elemento bastante interessante. Se nos outros filmes havia a tentação do lado negro,  aqui esse personagem é tentado pelo “lado da luz”. O que é reforçado pelo conflito presente no personagem e bem elucidado, graças à boa atuação de Adam Driver. 

J.J Abrams, com a experiência obtida em Star Trek, consegue fazer um belo trabalho, impondo um agradável ritmo á narrativa, dando fôlego novo a essa franquia e apagando um pouco da imagem ruim deixada pela trilogia mais recente (Embora o Episódio III seja muito bom, seus dois antecessores falham em todos os sentidos). 

Esse Star Wars Episódio VII – O Despertar da Força, mostra que novos heróis surgem pra substituir os que ficaram velhos e combater as mesmas ameaças que aparecem de maneiras diferentes, em suma ensina que o tempo é inexorável e a vida é cíclica. Resta agora aguardarmos quase dois anos, para acompanharmos mais do desenvolvimento dos novos heróis e o destino dos antigos.




Adriano Cardoso