terça-feira, 17 de julho de 2012

CRÌTICA: O Espetacular Homem-Aranha


The Amazing Spider-Man
136 minutos - Aventura - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: James Vanderbilt, Alvin Sargent, Steve Kloves
Direção: Marc Webb
Elenco: Andrew Garfield, Rhys Ifans, Emma Stone, Sally Field, Martin Sheen, Denis Leary, Campbell, Scott  Irrfan Khan


Em 2002 a Sony trouxe as telas o Homem-Aranha. Com o tom certo de humor e dramaticidade o diretor Sam Raimi conseguiu fazer uma bela adaptação dos Hqs para as telas. O filme teve duas continuações, sendo a primeira melhor que o original e a segunda mais fraca, devido a influência dos produtores. O quarto filme da série estava em fase de pré-produção, quando os executivos resolveram cancelar e começar tudo de novo, e assim temos “O Espetacular Homem-Aranha”.

A proposta era criar uma adaptação mais próxima das histórias em quadrinhos, modernizando alguns elementos e deixando os fãs felizes... Com elementos como equipamento para lançar teias, e sua primeira namorada, Gwen Stacey Mas será que tudo isso não implicaria numa diminuição de qualidade do material dando origem a um filme bem pior?

A princípio somos apresentados a um Peter Parker ainda criança, mostrando como o mesmo ficou sob a guarda dos tios, dando início a um mistério envolvendo o trabalho de seus pais e a fuga dos mesmos... Então saltamos para o presente, vendo o protagonista em sua escola, demonstrando certo gosto para fotografia, e um heroísmo ao enfrentar valentões mesmo que não seja capaz de vencê-los. A descoberta de uma pasta contendo documentos de seu pai leva o rapaz direto para as indústrias OSCORP. Na procura de respostas, um acidente acaba fazendo com que o mesmo seja picado por uma aranha geneticamente modificada, ganhando mais força, reflexos mais apurados, podendo escalar paredes... Agora ele terá de com isso, e com as conseqüências de alguns de seus atos.

As comparações com filme anterior são inevitáveis, sendo que este divide com aquele muitos momentos na trajetória do protagonista. Como a descoberta dos poderes, com momentos engraçados como a cena do vagão, e outros repetitivos, como a destruição involuntária em sua casa; a briga com um valentão na escola, aqui colocada mais como vingança, e o incidente que culminam na morte do tio Bem... Essa parte do filme talvez seja a única superior ao exemplar de Sam Reimi.  Mais dinâmica, com mais peso dramático, e deixando o protagonista mais abalado. 

A caracterização do protagonista tem traços diferentes nessa adaptação. Parker (Andrew Garfield) é um rapaz mais cool, e embora tenha seu lado inteligente e engenhoso, que pode ser mostrado no detalhe da fechadura criada para o seu quarto, anda de skate e usa lentes de contato. 

Mesmo assim é muito difícil nos convencermos de que Garfield (como Peter Parker) e também Emma Stone (a loira Gwen Stacy) são estudantes do colegial... A maquiagem e as roupas ajudam, mas...
Fora o fato de que Garfield nunca convence como Parker, sendo difícil para o espectador encarar o sujeito como alguém tímido com poucos amigos. Não que o ator seja ruim, mas Tobey Maguire fez um trabalho muito melhor com o protagonista... O grande culpado na verdade é o roteiro que não apresenta cenas que reforcem essa idéia.

Bom, sobre o roteiro...  Existem muitos furos, e falhas, para levar o filme numa determinada direção. Cito aqui a seqüência que leva Parker a entrar em contato com a aranha modificada, os eventos que culminam na transformação de Connors em Lagarto, e o pior de todos: a aparição do Capitão Stacy numa cena chave do 3º ato... Isso sem mencionar a cena patética na qual um ladrão usa uma chave eletrônica para roubar um carro e quando abre o mesmo se surpreende com o Homem-Aranha, no banco de traz. È claro que faz todo sentido o herói adivinhar o carro que ia ser roubado, e entrar no mesmo com seus poderes, apenas para fazer piadinha, esquecendo é claro que o personagem estava em busca de vingança, mas isso faz todo o sentido... Dentro da lógica do filme, que tem uma lógica diferenciada e a todo instante tenta tirar risos do espectador. Ah! Agora sim entendi!


Aliás, este parece ser o maior objetivo do filme, fazer de tudo para que “achemos graça” das situações e diálogos. Algumas vezes isso até funciona, como na cena de luta entre o Homem-Aranha e o Lagarto, tendo a participação de Stan Lee (coisa recorrente no filme de todos os heróis criados por ele). Na maioria das vezes não. Como na já mencionada cena com o ladrão de carros ou quando Peter chega em casa com ovos para tia May, após incidentes que deveriam deixa-lo extremamente triste...

Ainda falando do roteiro, os produtores tentaram deixar o filme mais fiel às histórias em quadrinhos, no entanto algumas mudanças não fazem diferença e apenas atrapalham o andamento da narrativa. Por exemplo, aqui as teias são lançadas devido a um dispositivo criado pelo personagem, o que reforça o lado gênio do mesmo, embora isso acabe sendo feito de uma maneira não muito convincente. Soando como algo colocado ali para agradar os fãs. E NÃO, aquele pequeno momento no terceiro ato não conta!

Os efeitos especiais do filme funcionam bem embora o design gráfico do Lagarto não convença, seria muito melhor se mantivessem na criatura as feições do ator Rhys Ifans, seu intérprete.
O uso do 3D há de ser elogiado, sendo utilizado pra dar mais profundidade de campo nas cenas, ao invés de “jogar” coisas pra fora da tela a todo instante. Quando aparece aqui deste outro modo funciona bem e sem ser repetitivo, criando momentos incríveis como aquele no qual temos a visão em primeira pessoa do protagonista passeando entre os prédios de Manhattan.
 
Achei que a Sony como grande vilã acabaria de vez com o Homem-Aranha, e posso dizer que nesse novo filme ela quase conseguiu. Quem sabe não repense seu papel nos próximos filmes e atue mais como coadjuvante, preocupando-se em ganhar mais dinheiro  através de um trabalho de qualidade, e não lucrando com tentativa barata de fazer graça a cada cena, e com  idéias que deixem os fãs felizes, se é que com este longa eles ficaram...

Bom, eu certamente não fiquei...

 
PS: Existe uma cena após os créditos, mas que nada acrescenta à narrativa.

2 comentários:

  1. Adriano,gostei da sua critica.Entretanto,acho que você poderia ,havendo disponibilidade de tempo, postar com maior frequencia .E tambem creio que se você fizesse videos, além da critica escrita, ficaria legal.

    ResponderExcluir
  2. Obrigado! Vou tentar. A idéia original é uma crítica por semana, pois eu tenho outros trabalhos e acaba não sobrando tempo. Mas pretendo em breve fazer críticas por podcast e vídeo também. Grande abraço.

    ResponderExcluir