domingo, 29 de julho de 2012

CRÍTICA: Chernobyl




Chernobyl Diaries
90 minutos - Terror - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: Oren Peli, Shane Van Dicke, Carey Van Dicke
Direção: Bradley Parker
Elenco: Jesse McCartney, Nathan Phillips (II), Jonathan Sadowski, Olivia Dudley, Ingrid Bolsø Berdal, Devin Kelley, Dimitri Diatchenko



Em 1986, durante um teste de segurança, o reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl explodiu, liberando uma imensa nuvem radioativa que contaminou todo o meio ambiente numa área de quase 2 km2.  Embora os números não sejam precisos, cerca de 100 pessoas faleceram durante o acidente, e um numero ao menos 40 vezes maior veio a óbito devido aos efeitos da radiação a médio e longo prazo. As cidades de Chernobyl e Pripyat, uma cidade com mais de 50.000 habitantes, a maioria famílias de empregados da usina, foram evacuadas, Sendo que a vida nesses locais tornou-se impossível devido ao elevado nível de radiação presente e cumulativa no ar, água e  solo.

Essa região, quase na fronteira entre a Ucrânia e a Bielorússia, é o pano de fundo da história. Um grupo de jovens em viagem ao leste europeu decide visitar a cidade fantasma de Pyriaty. Planejando ficar apenas 2 horas no local, período no qual a radiação não provoca qualquer mal as pessoas segundo o guia Uri, eles têm um problema com o veículo. Presos lá descobrem que não estão sozinhos, devem escapar e tentar entender o que está acontecendo. 

Para um filme de terror, a princípio a idéia é muito interessante: além de ter que fugir do perigo, os protagonistas têm a preocupação de saír de lá o mais rápido possível, tendo em vista o tempo de exposição à radiação. È uma pena que isto seja apenas um mero detalhe, praticamente não aproveitado pelo roteiro e pela direção fraquíssimos.

Os personagens são estereótipos: o rapaz que pretende pedir em casamento sua namorada, o irmão mais velho que é cafajeste e vive metendo todos em confusão, a mocinha corajosa, o casal de nacionalidades diferentes que se conhece na viagem e o guia ex-militar de grande porte físico que fala inglês com sotaque russo, e tenta fazer brincadeiras para alegrar o grupo. Nenhum deles é bem trabalhado no roteiro, embora em muitos filmes assim isso realmente não seja algo imprescindível.


Os diálogos são terríveis, começando por uma das primeiras frases do guia turístico Uri ao ser questionado sobre o silêncio do lugar:

- A natureza retomou o que é dela! 

 Então onde estão os pássaros, e os outros animais? Num momento futuro um dos personagens diz: 

- Ouviram isso? O silêncio! 

Então sua amiga responde:  

- A natureza tomou o controle

Sem criatividade um personagem repete uma fala estúpida dita por outro, momentos atrás no longa...

Aliás, o próprio diretor não deve ter prestado atenção nessa frase repetida pelos atores pois se o fizesse saberia que o filme ganharia muito com o silêncio. Poupando a todos da repetitiva e sem inspiração trilha sonora instrumental presente em praticamente todas as cenas, feita apenas pra tentar dar emoção e intensidade, uma vez que as imagens e o trabalho dos atores não foram suficientes. Esse barulho, o “silêncio”, traria uma grande agonia e inquietação por si só. Mas seria pedir demais que o estreante diretor, Bradley Parker, reparasse nisso.

A inteligência dos personagens é impressionante, numa determinada cena o guia coloca as mãos na água e faz uma brincadeira. Ora, até mesmo um aluno do 1º colegial sabe que a água é um dos maiores acumuladores de radiação, como pode um ex-militar e guia com certa experiência não saber isso... Ou talvez ninguém que participa do filme contou pra ele...

As cenas de fuga e perseguição são muito bagunçadas, não conseguimos reparar pra onde estão fugindo ou o que está acontecendo. Sim é um recurso inteligente não nos mostrar as criaturas, tendo em vista que aquilo que não é visto é muito mais assustador do que qualquer coisa que pudesse ser mostrada. Entretanto a câmera gira tanto em algumas cenas que além de não enxergarmos os seres não entendemos o que está acontecendo, o que provavelmente foi a solução encontrada para camuflar a incompetência dos realizadores.


De qualquer forma, o recurso de esconder as criaturas é estragado mais pra frente quando estas são mostradas. Mas o que seria importante vermos e termos explicação são os motivos daqueles seres. Por que raptam alguns dos jovens? È apenas um tipo de indivíduo? São frutos do acidente com Chernobyl, ou resultados de experiências no local? Nada disso é revelado. Sim, existem alguns indícios, mas essas questões não são um mistério a margem da história, e sim algo essencial para o entendimento e apreciação.

Existe apenas uma surpresa muito interessante, que ocorre no meio do terceiro ato, relativa ao destino da fuga dos protagonistas pelo subterrâneo que termina num destino curioso e intrigante.

Diferente do acidente de Chernobyl que será lembrado pra sempre, este filme provavelmente ficará na sua memória apenas até o término da sessão, o que é um grande alívio.

Nenhum comentário:

Postar um comentário