Chernobyl Diaries
90 minutos - Terror - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: Oren Peli, Shane Van Dicke, Carey Van Dicke
Direção: Bradley Parker
Elenco: Jesse McCartney, Nathan Phillips (II), Jonathan Sadowski,
Olivia Dudley, Ingrid Bolsø Berdal, Devin Kelley, Dimitri Diatchenko
Em 1986, durante um teste de
segurança, o reator número 4 da usina nuclear de Chernobyl explodiu, liberando
uma imensa nuvem radioativa que contaminou todo o meio ambiente numa área de
quase 2 km2. Embora os
números não sejam precisos, cerca de 100 pessoas faleceram durante o acidente, e
um numero ao menos 40 vezes maior veio a óbito devido aos efeitos da radiação a
médio e longo prazo. As cidades de Chernobyl e Pripyat, uma cidade com mais de
50.000 habitantes, a maioria famílias de empregados da usina, foram evacuadas,
Sendo que a vida nesses locais tornou-se impossível devido ao elevado nível de
radiação presente e cumulativa no ar, água e solo.
Essa região, quase na fronteira
entre a Ucrânia e a Bielorússia, é o pano de fundo da história. Um grupo de
jovens em viagem ao leste europeu decide visitar a cidade fantasma de Pyriaty.
Planejando ficar apenas 2 horas no local, período no qual a radiação não
provoca qualquer mal as pessoas segundo o guia Uri, eles têm um problema com o
veículo. Presos lá descobrem que não estão sozinhos, devem escapar e tentar
entender o que está acontecendo.
Para um filme de terror, a
princípio a idéia é muito interessante: além de ter que fugir do perigo, os
protagonistas têm a preocupação de saír de lá o mais rápido possível, tendo em
vista o tempo de exposição à radiação. È uma pena que isto seja apenas um mero detalhe,
praticamente não aproveitado pelo roteiro e pela direção fraquíssimos.
Os personagens são
estereótipos: o rapaz que pretende pedir em casamento sua namorada, o irmão
mais velho que é cafajeste e vive metendo todos em confusão, a mocinha
corajosa, o casal de nacionalidades diferentes que se conhece na viagem e o
guia ex-militar de grande porte físico que fala inglês com sotaque russo, e tenta
fazer brincadeiras para alegrar o grupo. Nenhum deles é bem trabalhado no
roteiro, embora em muitos filmes assim isso realmente não seja algo
imprescindível.
Os diálogos são terríveis,
começando por uma das primeiras frases do guia turístico Uri ao ser questionado
sobre o silêncio do lugar:
- A
natureza retomou o que é dela!
Então onde estão os pássaros, e os outros
animais? Num momento futuro um dos personagens diz:
- Ouviram isso? O silêncio!
Então sua amiga
responde:
- A natureza tomou o
controle.
Sem criatividade um personagem repete uma fala estúpida dita
por outro, momentos atrás no longa...
Aliás, o próprio diretor não
deve ter prestado atenção nessa frase repetida pelos atores pois se o fizesse
saberia que o filme ganharia muito com o silêncio. Poupando a todos da repetitiva
e sem inspiração trilha sonora instrumental presente em praticamente todas as
cenas, feita apenas pra tentar dar emoção e intensidade, uma vez que as imagens
e o trabalho dos atores não foram suficientes. Esse barulho, o “silêncio”, traria
uma grande agonia e inquietação por si só. Mas seria pedir demais que o
estreante diretor, Bradley Parker, reparasse nisso.
A inteligência dos
personagens é impressionante, numa determinada cena o guia coloca as mãos na
água e faz uma brincadeira. Ora, até mesmo um aluno do 1º colegial sabe que a
água é um dos maiores acumuladores de radiação, como pode um ex-militar e guia
com certa experiência não saber isso... Ou talvez ninguém que participa do
filme contou pra ele...
As cenas de fuga e
perseguição são muito bagunçadas, não conseguimos reparar pra onde estão
fugindo ou o que está acontecendo. Sim é um recurso inteligente não nos mostrar
as criaturas, tendo em vista que aquilo que não é visto é muito mais assustador
do que qualquer coisa que pudesse ser mostrada. Entretanto a câmera gira tanto
em algumas cenas que além de não enxergarmos os seres não entendemos o que está
acontecendo, o que provavelmente foi a solução encontrada para camuflar a
incompetência dos realizadores.
De qualquer forma, o recurso
de esconder as criaturas é estragado mais pra frente quando estas são
mostradas. Mas o que seria importante vermos e termos explicação são os motivos
daqueles seres. Por que raptam alguns dos jovens? È apenas um tipo de indivíduo?
São frutos do acidente com Chernobyl, ou resultados de experiências no local?
Nada disso é revelado. Sim, existem alguns indícios, mas essas questões não são
um mistério a margem da história, e sim algo essencial para o entendimento e apreciação.
Existe apenas uma surpresa
muito interessante, que ocorre no meio do terceiro ato, relativa ao destino da
fuga dos protagonistas pelo subterrâneo que termina num destino curioso e
intrigante.
Diferente do acidente de
Chernobyl que será lembrado pra sempre, este filme provavelmente ficará na sua
memória apenas até o término da sessão, o que é um grande alívio.
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