Um diretor sem erros
Esta semana estréia no Brasil Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge (The Dark Knight Rises) último filme da trilogia do herói de
mesmo nome dirigida por Christopher Nolan. Como já havia assistido a todos seus
filmes resolvi rever alguns e falar sobre sua carreira.
Me dei conta de que ele é um dos únicos diretores que não
possuí sequer um trabalho ruim em seu
currículo. Mesmo seus colegas consagrados como Steven Spielberg e Oliver Stone
possuem algum deslize em suas carreiras, vide A.I. - Inteligência Artificial (2001), E Alexandre, O Grande (2004), respectivamente.
Christopher
Nolan
Seus filmes sempre têm roteiros muito bem trabalhados,
que com exceção de um também contam com sua participação, com histórias
originais e envolventes que prendem os espectadores na poltrona do cinema do
começo até os créditos finais.
Fiquei interessado em rever o trabalho dele com aqueles
que já conhecem, e despertar curiosidade nos que ainda não sabem quem ele é.
Christopher Jonathan James Nolan, nascido em 30 de julho
de 1970, passou sua infância entre Londres e Chicago, já que possui mãe norte-americana
e pai inglês. Ele costuma utilizar as
mesmas pessoas na equipe técnica de seus filmes, incluindo sua esposa que é
produtora e seu irmão, roteirista.
Vamos aos filmes?
Following
(1998)
Com um orçamento de 5.000,00 dólares, o primeiro filme de
Nolan, foi rodado com uma câmera de 16 mm preto e branca e contou com amigos do
diretor no elenco. O roteiro, todo escrito pelo próprio diretor, não tem uma
ordem cronológica linear. Este recurso, aliás, seria empregado de diversas
formas em praticamente todos os seus trabalhos futuros.
Cartaz
de Following, 1998
Demorou um ano
para ser concluído, sendo filmado apenas nos finais de semana, quando havia
tempo disponível para o elenco. Para economizar dinheiro as cenas foram
gravadas em no máximo duas tomadas, e foi utilizada luz ambiente em quase todas
as cenas do filme.
Following narra
a história de um escritor que segue outras pessoas ( daí o nome following = seguindo em inglês) para ter
inspiração para seus personagens. Entretanto o escritor acaba preso numa trama
quando quebra sua regra de não seguir mais de uma vez a mesma pessoa, e acaba
desenvolvendo uma amizade e parceria com uma delas...
O filme não foi lançado comercialmente no Brasil, sendo
exibido apenas em festivais, e o sucesso do projeto rendeu ao diretor um acordo
com a produtora Newmarket Films para
a produção do seu próximo projeto: Amnésia.
Amnésia (Memento,
2000)
O primeiro filme comercial de Christopher Nolan, conta a
história de um ex-investigador de seguros que tem sua esposa estuprada e morta,
e fica com uma incapacidade permanente, depois de serem atacados por dois
homens em sua casa. O protagonista Leonard (Guy Pearce) mata um dos agressores,
mas o outro o ataca e consegue fugir. Este ataque resulta num ferimento em seu
cérebro, que produz uma condição chamada de “amnésia anterógrada”, impedindo
ele de se lembrar de qualquer coisa depois de alguns minutos do fato.
A história possui uma estrutura inovadora, narrando os
eventos em ordem inversa. O início mostra Leonard assassinando um homem, e vai
regressando, até o começo da sua “aventura”.
Guy
Pearce, em Amnésia (Memento, 2000)
Com grandes interpretações e reviravoltas muito
interessantes, o filme foi aclamado pela crítica, sendo indicado ao Oscar de
melhor roteiro daquele ano. Este longa abriu as portas de Hollywood para Nolan.
Insônia (Insomnia,
2002)
De todos os filmes, este com certeza é o que difere dos
demais. Talvez, e também, pelo fato de ser o único cujo roteiro não é tem a mão
de Nolan.
Neste Insônia,
dois policiais são enviados ao Alaska para investigar a morte de uma garota.
Durante perseguição ao suspeito, Dormer (Al Pacino) mata acidentalmente seu
parceiro Eckhart (Martin Donovan). Simultaneamente a isto há uma investigação
da corregedoria na qual Eckhart prometeu ajudar
em troca de imunidade, já que tem participação em alguns erros de
Dormer. Além disso, o suspeito perseguido por eles, Walter Finch (Robin
Willians) testemunha o ocorrido e começa a chantagear o protagonista.
Al
Pacino e Robin Willians em Insônia (Insomnia,
2002)
A fotografia do filme é belíssima, e as interpretações de
Pacino e Willians muito convincentes. Os dois têm problemas pra dormir devido
ao fato de não escurecer no Alaska no período de verão, e ambos conseguem
transmitir o cansaço e a instabilidade emocional de seus personagens.
Batman
Begins (2005)
Após dois sucessos comerciais Nolan ganhou a chance de
recriar a franquia de Batman, da DC
Comics e Warner Bros, que havia
chegado ao fundo do poço com o Batman
& Robin de Joel Schumaker em 1997.
E fez um belíssimo trabalho. Focando na transformação de
Bruce Wayne em Batman, o filme é sombrio, e tenta ser o mais realista possível,
dentro do universo do personagem. Conta com um elenco de peso incluindo
Christian Bale como Batman, Gary Oldman como o policial Gordon, Morgan Freeman
como Lucius Fox, Michael Kane como o mordomo Alfred e Liam Neeson como Henri
Ducard.
Liam Neeson e Christian Bale em Batman Begins (2005)
O filme foi um grande
sucesso de bilheteria, o que lhe rendeu um contrato para a realização de mais
dois filmes da franquia.
O Grande Truque (The
Prestige, 2006)
Este magnífico filme utiliza em parte de sua história a
cronologia não linear empregada em quase todos os filmes de Nolan. Baseado no
livro de mesmo nome escrito por Christopher Priest, conta a história de dois mágicos
do século XIX, Danton (Hugh Jackman) e Borden (Christian Bale).
Christian Bale e Hugh Jackman em O Grande Truque (The Prestige,
2006)
Ambos são amigos e trabalham juntos, mas após uma
fatalidade durante um espetáculo se separam. Não posso revelar muito da
história para aqueles que ainda não viram, mas os mágicos rivais acabam indo ao
extremo para alcançar o sucesso e destruir um ao outro. O roteiro tem
reviravoltas brilhantes e para realmente ser apreciado precisa ser visto mais
de uma vez.
Existem muitas pequenas dicas que mostram o “grande
truque” que Nolan aplica nos espectadores. A fotografia e o figurino também
merecem destaque, e o filme também conta com a presença de Scarlett Johansson e
Michael Kaine.
Batman: O Cavaleiro das Trevas (The Dark Knight, 2008)
Esta seqüência consegue ser melhor do que o filme que a
originou, Batman Begins. Batman: O Cavaleiro das Trevas é um longa sombrio, que embora seja baseado
num super herói, consegue ser um grande drama, mesclando também cenas de ação
muito impressionantes. Este filme mostra o surgimento e a ascensão do vilão
Coringa (Heath Ledger), o aumento da criminalidade em Gothan City e novos dramas
na vida de Bruce Wayne.
Heath
Ledger em Batman: O Cavaleiro das Trevas (The
Dark Knight, 2008)
Segundo muitos críticos o filme foi o melhor de 2008,
sendo injustiçado por ficar fora de diversas categorias no Oscar, embora tenha
ganho nas categorias de melhor edição de som e ator coadjuvante para Ledger (um
prêmio póstumo, já que o ator faleceu durante a etapa de pós produção do longa,
e inédito por ser a primeira vez que uma obra sobre super heróis conquista um
prêmio em uma das categorias principais).
Um dos grandes méritos de Nolan foi dar vida a estória
com uma série de elementos que seriam bastante prováveis após o surgimento de
um justiceiro (herói?) mascarado. O melhor exemplo disso no filme é o novo problema
que Batman tem que enfrentar. Com sua fama, muitas pessoas ficam “inspiradas” e
resolvem combater o crime, imitando-o, mas utilizando armas e dando ainda mais
trabalho ao Cavaleiro das Trevas.
O filme teve uma grande bilheteria e excelentes críticas.
È necessário destacar a atuação de Ledger, que é única e brilhante, construindo
um Coringa psicótico, imprevisível e violento. A fotografia também é
maravilhosa, bem como os efeitos visuais e a direção de Nolan.
A Origem (Inception,
2010)
Para muitos o melhor trabalho de Nolan até agora. E
embora tenha sido disparado o melhor filme de 2010, ficou fora das principais
categorias nas premiações mais importantes.
Em A Origem,
acompanhamos Dom Coob (Leonardo DiCaprio), um ladrão que rouba informações do
inconsciente das pessoas invadindo seu sonho. Cobb não pode visitar seus filhos,
pois há uma ordem de prisão contra ele, e recebe de um dos seus alvos uma
proposta de trabalho. Ao invés de roubar uma informação, seu ,agora, cliente
Saito (Ken Watanabe)propõe que ele plante uma idéia na mente de uma pessoa, e
em troca poderá voltar pra casa e ver seus filhos novamente.
Leonardo DiCaprio em A Origem (Inception, 2010)
Este projeto abusa dos efeitos especiais, empregados de
forma incrível. Como em outros de seus filmes, o diretor também mexe com a
ordem cronológica da narrativa, e cria muitas reviravoltas até o final.
Verificamos também uma preocupação absurda com os detalhes, e uma grande
coerência com o mundo que é criado.
Além do longa ser excepcional ele conta com um final
bastante diferente, que fazendo analogia com os sonhos, depende da
interpretação de cada um, sendo um tanto quanto subjetivo.
O Futuro
Christopher Nolan consegue ser um diretor que faz
trabalhos aclamados pela crítica e que fazem muito sucesso com o público
também. È uma combinação ideal do que a maioria dos estúdios gosta e objetiva.
Além de ser um diretor jovem, vimos com ele bastante
talentoso, não?
O negócio é correr aos cinemas para ver o novo Batman,
rever seus filmes, e aguardar ansioso por seus novos trabalhos!
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