terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Grandes Olhos





Big Eyes
106 minutos - Drama - Estados Unidos - 2015
Direção: Tim Burton
Roteiro: Scott Alexander, Larry Karaszewski
Elenco: Amy Adams, Christoph Waltz,  Terence Stamp

A história se passa nas décadas de 50-60 e nos apresenta a Margaret (Amy Adams), mãe solteira que acaba de se separar do marido opressor e busca trabalho na Califórnia. Artista cuja única inspiração é sua filha, conhece Walter Keane, (Christoph Waltz) que pouco depois a pede em casamento, uma maneira também de Margaret manter a guarda da filha contestada pelo marido numa sociedade extremamente machista. Keane tenta vender seus quadros e os de sua esposa sem muito sucesso até que um incidente nos tablóides atraí a atenção de pessoas, entretanto elas se interessam apenas pelos quadros de sua esposa, que inicialmente são acidentalmente associados a Walter, pois Margaret agora está assinando com o sobrenome Keane... Embora a vida se torne inicialmente um paraíso para a protagonista, logo surge um sentimento de angústia e frustração por trabalhar arduamente e ver seu trabalho associado a outra pessoa, o que é o conflito central do filme. 

O casal de protagonistas se sai muito bem. Adams interpreta com maestria uma mulher que sofre uma violência psicológica quase imperceptível, fazendo as vontades do marido, se distanciando de amigos e da filha. Waltz tem uma grande atuação, o jeito do personagem por diversas vezes nos leva ao riso, até o começo do terceiro ato, onde seu comportamento soa desproporcional e atrapalha o andamento do filme na tentativa de extrair risos forçados da plateia. O roteiro sabota o filme a partir de seu segundo ato com reviravoltas cuja função é apenas mover a história numa determinada direção, chegando a ficar insuportável em seu ato final.  

A direção de arte, algo sempre marcante nos trabalhos de Tim Burton, aqui também se faz presente, sendo possível inclusive notar uma diferença nas cores dos objetos e figurinos dos personagens a medida que vão se tornando mais infelizes (por exemplo o sofá vermelho vibrante, que dá lugar a um verde monótono), ou no caso de Margaret, conforme se torna mais sufocada. Um filme que ao contrário dos quadros de olhos grandes, não vai virar moda ou fazer qualquer sucesso.


Adriano Cardoso

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