quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

CRÍTICA: O Jogo da Imitação






The Imitation Game
114 minutos - Drama - Estados Unidos/Reino Unido - 2015
Direção: Morten Tyldum
Roteiro: Graham More, baseado no livro de mesmo nome de Andrew Hodges
Elenco: Benedict Cumberbatch, Keira Knightley, Matthew Goode

O título do filme é uma referência ao principal trabalho públicado por Alan Turing (Benedict Cumberbatch) matemático prodígio e grande responsável por decodificar o código utilizado pelos alemães na segunda guerra mundial. O âmago do filme é confronto de investigadores que já na década de 50 acreditam que Turin seja um espião soviético, e assim vamos conhecendo mais sobre sua trajetória, seu trabalho e até mesmo sua infância.

Cumberbatch tem certamente uma das melhores perfomances de um ator no ano e cria um personagem extremamente complexo, despertando em nós repulsa, raiva, estranhamento, dó e risos. Um indivíduo isolado, que por vezes chega a gaguejar na tentativa de se expressar, arrogante não se intimida com autoridades, e cuja construção de sua máquina parece ser a salvação para sua solidão. Quando conhece Joan (Knightley, que consegue nos convencer como uma mulher inteligente e feminista num ambiente machista e retrógrado) seu universo se expande pois ele encontra alguém parecido com ele, uma pessoa que não se enquadra no ambiente e tem dificuldades de ser aceita, por razões que nem precisam ser explanadas.

A direção de arte é bastante eficaz na recriação de época, desde o figurino até elementos de cena, como rádios e ferramentas. Enquanto a direção de Tyldum é segura, dando espaço para os atores empregarem suas emoções com cuidado, sabendo alternar bem entre cenas passadas e do presente do protagonista.

O filme flui de forma orgânica, e o roteiro é hábil ao ir revelando aos poucos mais sobre seu complexo protagonista, e embora o final seja óbvio e conhecido é gratificante ver a crítica feita pelos idealizadores à repressora e arcaica sociedade inglesa, cuja monarca concedeu anistia a Turing por seus "crimes" (leia ser homossexual, algo proibido até quase o final da década de 60) em 2013.



Adriano Cardoso

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