The Dark Knight Rises
165 minutos - Ação - 2012 (Estados Unidos)
Roteiro: David S. Goyer, Christopher Nolan, Jonathan Nolan
Direção: Christopher Nolan
Elenco: Christian Bale, Tom Hardy,Michael Kain, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt, Matthew Modine
Elenco: Christian Bale, Tom Hardy,Michael Kain, Anne Hathaway, Marion Cotillard, Morgan Freeman, Gary Oldman, Joseph Gordon-Levitt, Matthew Modine
Confesso que após os
créditos finais desse Batman - O Cavaleiro das Trevas Ressurge, eu estava
decepcionado. Achei o final fraco, me incomodei com alguns furos no roteiro.
Não gostei e fiquei com a impressão de ter visto algo covarde. Algumas horas
depois ainda pensando no filme comecei a rever o meu conceito inicial. Percebi
que ao fazer minha analise preliminar não havia me dado conta de que se tratava
de um filme de super-herói, e também encarando toda a trilogia como apenas uma
obra, o que é fantástico e fruto do bom trabalho do diretor e dos realizadores.
O filme começa de forma
similar ao anterior com uma cena de apresentação do vilão. Há uma negociação,
alguns homens amordaçados são entregues à agentes da CIA que entram num avião.
Eles fazem perguntas sobre o mercenário chamado Bane (Tom Hardy), e mesmo sob
ameaça de morte nenhum deles parece querer cooperar... Até descobrirmos que um
dos prisioneiros é o próprio Bane, preso de propósito para seqüestrar um
cientista em poder das autoridades, forjar a morte do mesmo e de todos os seus
capangas. A cena mostra de forma muito eficaz características básicas do
personagem como sua força acima do normal, inteligência nos planos e a devoção
de seus homens, que preferem morrer a entregá-lo, chegando ao ponto no qual
deles é informado da necessidade de morrer em prol da causa, e nem esboça
reação. Em suma, temos uma boa visão da ameaça que é o antagonista, e a
dificuldade que trará ao herói.
Em seguida um corte para a
mansão Wayne, onde acontece a comemoração do dia de Harvey Dent, em homenagem
ao promotor que virou herói por efetuar um número recorde de prisões e
desestabilizar a máfia em Gothan. A celebração é aberta com um discurso do
comissário Gordon (Gary Oldman), que embora pense em revelar a todos a farsa
sobre este dia através de um documento que carrega consigo, acaba mantendo o
discurso político. Somos informados de que oito anos se passaram desde os acontecimentos
do filme anterior e devido ao sacrifício de Batman que assumiu os crimes
cometidos por Dent, a cidade está limpa. Aqui vemos um Bruce Wayne (Christian
Bale) recluso, mais velho e caminhando com o auxílio de uma bengala. Muitas informações
importantes são levadas ao nosso conhecimento de forma inteligente através de
diálogos casuais de personagens secundários, como a separação de Gordon e sua
esposa, e o a vontade do prefeito de destituí-lo do cargo em breve.
Dois importantes personagens
são apresentados: o policial Jonh Blake (Joseph Gordon-Levitt) e a ladra Selina
Kyle (Anne Hathaway). O primeiro surge como um misto de Batman e comissário
Gordon. Esperto pró-ativo e apelidado de “esquentadinho” pelos companheiros,
sempre tenta tomar a frente da situação e ser o “herói”. Selina pelo contrário
tem uma personalidade mais complexa. Hathaway faz um bom trabalho ao criar uma
personagem intricada, que pode ser vilã ou heroína dependendo do momento, mas
que no fundo tem um objetivo bem definido.
O roteiro é inteligente e
bem planejado unindo com competência os três trabalhos da franquia. Fazendo com
que de certa forma eles sejam apenas um, com começo, meio e fim. Isso é
reforçado pelas conseqüências do filme anterior, e também ao resgatar a liga
das sombras e Ra's al Ghul, presentes no primeiro longa. O detalhe da prisão do
Batman, e a similaridade com a cena do da queda de Bruce, ainda menino, no poço
é algo muito inteligente. Não apenas pelo aspecto estético de juntar o momento
de maior dificuldade do personagem com seu grande primeiro trauma no passado,
mas por que aqui também ele é obrigado a treinar e encarar a vida de outra
maneira pra poder seguir em frente.Claro que existe uma grande falha, no que
diz respeito a um determinado personagem confessar a Bruce Wayne que sabe de
seu segredo, e a forma como ele diz ter descoberto é patética e sem fundamento.
Embora esse fato seja importante para o desenvolvimento da trama, não seria
muito difícil criar alguma outra situação mais cabível para resolver o
problema.
Comparações entre o vilão
Bane e o Coringa (Heath Ledger) de Batman – O Cavaleiro das Trevas, são
inevitáveis. Ledger fez um trabalho maravilhoso com o Coringa, difícil de ser
alcançado por outro ator, ainda mais se levarmos em conta ser uma obra de
super-heróis. Mas Tom Hardy tem um belo desempenho. Com uma postura dominante e
voz diferenciada, consegue nos fazer acreditar que o personagem é muito
respeitado, podendo atrair muitos seguidores, e inteligente sendo capaz de
estar um passo a frente do herói em muitas ocasiões.
Bale tem a chance de
executar sua melhor performance como Batman. Vale a pena ressaltar a conversa
entre ele e seu mordomo Alfred (Michael Kane) carregada de emoção, na qual os
dois intérpretes chegam ao máximo da dramaticidade, com falas simples e alguma
formalidade conseguem passar ao espectador o carinho que um tem pelo outro e a
dificuldade da decisão tomada. Nas outras cenas ele também não decepciona, o sujeito
nos passa a impressão de um herói velho, cansado, com uma expressão carregada e
melancólica. Isso é conseqüência de não ter conseguido salvar seu grande amor,
e também dos acontecimentos do capítulo anterior que transformaram Gothan numa cidade
segura e sem bandidos e Batman num vilão perseguido pela polícia pela morte de
Harvey Dent, e culpado pelos crimes cometidos por este último. Sem objetivo de
vida ou pessoas com as quais se preocupar, ele não tem medo de morrer ou
qualquer expectativa quanto ao seu futuro.
O diretor é inteligente ao
encenar as lutas do Batman de forma bem diferentes dos filmes anteriores. Dificilmente
o vemos atacando um inimigo de surpresa. Aqui ele parece cansado e lento, não é
sorrateiro, sem a capacidade de prever os golpes e ações dos inimigos na
maioria das vezes. Se antes esperávamos que vencesse seus oponentes sem
dificuldades, aqui estamos sempre temendo pelo que pode vir a acontecer com ele.
Os efeitos especiais são muito bons. Detalhe
para a cena inicial da destruição do avião e a implosão do estádio de futebol.
Exceção feita às cenas de “malabarismo” da moto do herói, que inverossímeis e
repetitivas acabam incomodando um pouco.
Não podemos nos esquecer da parte sonora, responsável por auxiliar na voz,
já interessantemente construída por Tom Hardy, para o vilão Bane. O filme tem
um bom desenho de som, o que realça o realismo das cenas de ação e as torna
mais empolgantes.
Nolan Consegue terminar a
franquia de forma satisfatória, elegante, inteligente, que agrada não apenas
aos fãs mas também aos espectadores de cinema em geral. Embora os
erros apontados diminuam um pouco a qualidade, não comprometem o resultado final.
SE
VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU AO FILME SUGIRO QUE PARE DE LER AQUI!
A idéia do roteiro de fazer
com que o reator criado pelas indústrias Wayne seja colocá-lo sob o controle
justamente da pessoa que deseja utilizá-lo de forma maligna é muito boa, ainda
mais se levarmos em conta a reviravolta surpreendente envolvendo Miranda Tate
(Marion Cotillard). È uma grande sacada fazer com que Batman tenha que lutar
contra seu par romântico, levando em consideração que no filme anterior ele sofreu
por ter feito o oposto, não conseguir proteger sua amada, mas é uma pena que o
modo encontrado para chegarmos nisso seja um inverossímil relacionamento entre
Bruce e Miranda. Digo que não faz sentido por que tudo é muito rápido, ainda
mais observando os ressentimentos e remorsos de Bruce por seu antigo amor. Diferente
da relação do mesmo com Selina, que vai sendo construída de forma gradativa e
pontual.
No início do texto eu disse
que ao sair do cinema eu achei o filme ruim. O ponto chave pra isso foram
alguns acontecimentos do 3º ato: O personagem não morrer, mesmo quando tudo
levava a crer que isso devia acontecer; Gothan ganhar um novo herói substituindo
Batman (Robin?); e o final ser de certa forma a realização do mentor do protagonista,
Alfred. Bem eu pensei muito... Então percebi que embora meu raciocínio
estivesse certo, eu estava levando em conta um drama, ou alguma obra
protagonizada por um herói talvez, mas não um “super”. Os produtores nunca
permitiriam que o Batman morresse, por mais que fosse a vontade dos roteiristas.
Mas a aposentadoria do mesmo já é algo bastante corajoso. Não será possível ter
uma continuação, a menos que ignorem boa parte desse filme, algo muito errado e
incoerente se vier a ser realizado. Além do mais, isso em conjunto com os
conselhos de Alfred, e a frase protagonizada pelo herói no final do longa
anterior no qual diz: “Ou você morre como Herói, ou vive o suficiente para se
tornar um vilão” estão casados e coerentes com o que vemos aqui, incluindo a
estátua erguida para o personagem.
A idéia do surgimento de um novo “protetor”
para Gothan também é interessante e inteligentemente representada pelo plano
filmado no qual Blake entra na caverna, idêntico ao do Bruce, quando viria a se
tornar Batman no primeiro filme. A maneira encontrada pelo protagonista para
escapar da explosão nuclear não é mostrada, e tudo que antecede acaba
tornando-a mais inverossímil. Também entra neste contexto a já citada
descoberta da identidade do Batman por Jonh Blake, e a forma como Wayne perde
toda sua fortuna. Como pode isso ser possível uma vez que milhões testemunharam
os atos de Bane na bolsa de valores? Ninguém parou pra pensar que todas aquelas
transações deviam ser invalidadas?
Foram estes tropeços que
inicialmente me fizeram ter uma experiência negativa com o filme. Mas pensando
melhor, observei que os méritos de Christopher Nolan ao integrar os três longas,
e seu corajoso e satisfatório final merecem aplausos num volume muito maior do
que as vaias para os erros. Além do mais, conseguir realizar uma obra de
super-herói na qual o mesmo aparece pouco, tendo em vista a maior quantidade de
cenas de seu alter ego, é algo louvável e encerra a trilogia de forma soberba.
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