sábado, 18 de agosto de 2012

Resenhas 01/08/2012 a 10/08/2012



Intrusos (Intruders)
100 min – Suspense- 2012 - Estados Unidos /Espanha
Roteiro: Nicolás Casariego, Jaime Marques
Direção: Juan Carlos Fresnadillo
Elenco: Clive Owen, Carice van Houten, Izán Corchero

O filme tem um começo promissor, e eficaz ao criar uma boa cena de terror introdutória na qual um garoto e sua mãe falam sobre um conto de terror e têm que lidar com uma ameaça que ambos não entendem, passado em algum lugar da Espanha. Em seguida vamos para uma cidade da Inglaterra, onde conhecemos uma família, e observamos sua pacata vida até que a filha pequena encontra um caderno dentro de uma árvore falando sobre uma entidade misteriosa... Clive Owen interpreta o pai da garota, e faz um bom trabalho. Com muita naturalidade mostra veracidade em sua relação com a menina, e a forte união entre ambos. A trama do filme é fraca, boba e com muitos furos, embora exista uma revelação muito interessante que mesmo assim não o salve do fracasso, culminando num final bobo que faz jus ao restante da projeção. 









Jogos Vorazes (The Hunger Games)
142min – Ação - 2012 - Estados Unidos
Roteiro: Gary Ross, Suzanne Collins, Billy Ray
Direção: Gary Ross
Elenco: Jennifer Lawrence, Liam Hemsworth, Elizabeth Banks, Josh Hutcherson, Woody Harrelson

Jogos Vorazes (The Hunger Games, 2012) Baseado no livro de mesmo nome, o filme mostra uma competição que acontece anualmente envolvendo dois jovens, uma garota e um garoto, de cada região da fictícia Panem, obrigados a lutar até que apenas um sobreviva. Merece destaque por ser uma ácida crítica a estas porcarias de reality show que apenas deixam as pessoas mais burras e ignorantes, a exemplo de Big Brother e A Fazenda. A banalidade da violência é uma mostra de que não há limites para estes programas, que chegam inclusive a ilustrar como as regras podem ser mudadas em função da audiência. A história é razoavelmente bem conduzida, mas a direção de Gary Ross é horrorosa, falhando em criar suspense em todas as cenas nas quais ele tenta, como por exemplo aquela na qual a protagonista alveja uma maçã ao invés do alvo de treinamento, surpreendendo a todos os presentes, menos a platéia do filme. Essa deficiência torna tudo muito previsível, tirando o impacto esperado de muitas cenas.






Lola (LOL)
97 min – Comédia/Drama/Romance - 2012 - Estados Unidos
Roteiro: Liza Azuelos, Kamir Aïnouz
Direção: Lisa Azuelos
Elenco: Miley Cyrus, Demi Moore, Douglas Booth, Ashley Greene

No início de um novo ano escolar, Lola (Miley Cyrus), tem que lidar com o término do namoro ao mesmo tempo em que começa a enxergar seu melhor amigo de forma diferente. Enquanto isso sua mãe Anne (Demi Moore) precisa apoiar a filha e lidar com o relacionamento em segredo que mantém com o ex-marido. Refilmagem do filme francês de mesmo nome de 2008, LOL (Laughing Out Loud) , que não vi. Este Lola mostra uma trama boba que começa no nada e termina em lugar algum. O roteiro é tão ruim que precisa fazer uso de flashbacks referentes a cenas quase sem importância para preencher noventa minutos de projeção. Cyrus precisa seguir a careira de cantora apenas, onde talvez seja boa (não conheço seu trabalho), por que não tem qualquer vocação pra atuar. A diretora insiste em muitos raccords visuais que intercalam momentos íntimos da mãe, e da filha. O ponto alto do filme é sua trilha sonora, de You Can’t Always Get What You Want do  Rolling Stones, passando por I’m Gonna Love You Just a Little Bit More, Babe de Barry White, até Somewhere Only We Know  do Kane.

 


 




Some Guy Who Kill People (Ainda sem título official no Brasil)
142min – Comédia/Suspense - 2012 - Estados Unidos
Roteiro: Ryan A. Levi
Direção: Jack Perez
Elenco:  Kevin Corrigan, Barry Bostwick, Karen Black


Um fracassado de trinta e quarto anos recém saído de uma instituição para tratamento psiquiátrico, vive com sua mãe e trabalha numa lanchonete local, enquanto alguns crimes extremamente violentos e misteriosos começam a acontecer na cidade. Embora o início seja promissor, com um sonho em preto e branco do protagonista, e a forma como o mesmo parece reagir ao mundo (alienado e sem se importar muito com nada), conforme o filme progride vai se tornando mais desinteressante. Muito se deve às tentativas de tiradas cômicas que sempre falham. Isso inclui mudar completamente as atitudes de alguns protagonistas na tentativa de nos fazer rir. Cito como exemplo o xerife que sendo pressionado pela resolução do crime oscila entre preocupado, não dando a mínima e tentando ser engraçado. Tudo acaba soando como um teatrinho de escola. O protagonista também age dessa forma, porém em menor escala. Há uma reviravolta, que não faz muito sentido e para ser aceita é necessário que se cubra diversos furos no roteiro. O filme não foi lançado comercialmente por aqui, e mesmo se fosse duvido que alguém veria.






Os Crimes de Snowtown (Snowtown)
119 min – Drama - 2012 - Austrália
Roteiro: Shaun Grant, Justin Kurzel
Direção: Justin Kurzel
Elenco:  Lucas Pittaway, Daniel Henshall, Louise Harris

Baseado em fatos reais, inicialmente somos introduzidos a uma família no interior da Austrália cujos três filhos mais novos sofrem abuso nas mãos de um vizinho, num dia em que este toma conta delas. Após o episódio um grupo de moradores se reúne e liderados por Jonh Bunting, levantam outros casos de abusos cometidos na região e começam a organizar planos para retaliar os agressores. Bunting passa a ter uma participação maior na família, após iniciar um relacionamento com a mãe dos garotos, embora não tenha a aprovação do filho mais velho. Os outros três começam a se apegar a nova figura paterna, especialmente do protagonista, Jamie (Lucas Pittaway, numa performance fantástica). È sob a perspectiva do rapaz que somos conduzidos o restante do filme. Os personagens são muito bem trabalhados. Jonh surge amoroso e carinhoso com as crianças, e parece ser o amor por eles que o motiva a ir atrás dos molestadores... Com o tempo vamos percebendo que talvez isso seja apenas uma desculpa, e o personagem mostra-se cada vez mais assustador. O diretor consegue conduzir muito bem os atores, incluindo as crianças, e com muito realismo nos traz uma história aterrorizante, fazendo um belíssimo filme. O único aspecto negativo diz respeito à direção de arte, que acaba se atrapalhando com as locações e não deixa claro onde ocorrem algumas cenas. Em muitas delas temos dificuldade para nos situarmos.










Taxi Driver (Taxi Driver)
119 min – Drama - 1976 – Estados Unidos
Roteiro: Paul Schrader
Direção: Martin Scorsese
Elenco: Robert De Niro, Jodie Foster, Cybill Shepherd, Harvey Keitel

A tela toda enfumaçada no início da projeção é justamente uma referência à mente do protagonista. Travis Bickle (De Niro, em atuação fenomenal) é um veterano de guerra que tem uma vida extremamente solitária, e devido a não conseguir dormir resolve trabalhar como taxista doze horas por dia, de tardezinha até de manhã.  Vemos a transformação do sujeito que sem conseguir se relacionar socialmente vai transformando-se num maníaco, uma bomba-relógio pronta pra explodir. O longa é uma grande crítica a sociedade preconceituosa e que possuí indivíduos perigosos tanto para o mundo quanto para eles próprios. A trilha sonora em acordes de jazz é maravilhosa por combinar tão perfeitamente com a cidade de Nova York, e ao criar uma tensão constante e crescente, sendo responsável por nos instituir uma agonia dando a impressão de que uma tragédia está sempre prestes a acontecer.  Scorsese já mostra neste filme uma direção segura e brilhante, incluindo aqui o momento embaraçador de Travis que ao telefone tenta se desculpar com a garota pelo último encontro fracassado, no qual a levou para ver um filme pornográfico.

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